Lava Jato

PF quer investigar Anastasia após denuncia de 'cidadã comum' ao Planalto

Janot havia pedido o arquivamento do caso ao ministro Zavascki

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Poucos dias depois de o procurador-­geral da República, Rodrigo Janot, recomendar o arquivamento das apurações contra o senador e ex­governador de Minas Antonio Anastasia (PSDB), a Polícia Federal encaminhou ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, documentos com “novos elementos” sobre caso, com base em denúncia de uma "cidadã comum" ao gabinete pessoal da Presidência da República, em janeiro deste ano.

A denunciante descreve uma residência na qual um dos mensageiros do doleiro Alberto Youssef teria feito um pagamento em dinheiro a um político que a PF investiga se é Anastasia. A denúncia relaciona o endereço descrito pelo ex­policial federal Jayme Alves de Oliveira, o “Careca”, para suposta entrega de dinheiro a uma pessoa "parecida" com o tucano, a um imóvel pertencente a um engenheiro de Belo Horizonte. A denunciante teria trabalhado na secretaria de Planejamento do governo de Minas Gerais, ainda na gestão do PSDB, encerrada em 2014.

O advogado de Anastasia, Mauricio Campos, considera um "absurdo casuísmo" juntar diligências que "sequer constavam do relatório parcial do delegado do caso" em junho. Ele acha "estranho" o fato de a denúncia ser "tão antiga" quanto a instauração do PF encaminha ao Supremo no início do ano. "As tentativas de vinculação de endereços e residências no bairro Belvedere (na zona sul da capital mineira), com o senador Anastasia são especulações sem nenhum compromisso com a verdade, que tentam dar sobrevida a um procedimento que jamais deveria ter sido instaurado contra ele", disse Campos.

Ao pedir ao STF o arquivamento da investigação sobre Anastasia, Janot argumenta que as declarações de Careca não se confirmaram, mas pondera que a ausência de indícios "não inviabiliza que, caso, no futuro, surjam dados minimamente objetivos que justifiquem e permitam uma apuração em relação ao Senador, se retorne as investigações", escreveu o procurador­geral.

No relatório da PF são citados dois endereços para a suposta casa onde o dinheiro teria sido entregue ao senador. Ambos no bairro de Belvedere, em Belo Horizonte, distantes cerca de 800 metros. Além da residência apontada pela denunciante, em uma primeira apuração, a PF chegou a um imóvel que pertenceria a um funcionário da Assembleia Legislativa de Minas. No relatório, é sugerida "a existência de relevantes vínculos entre os atuais e antigos moradores da residência localizada na av. José Maria Alkimim, 876, bairro Belvedere, Belo Horizonte/MG, e o grupo de sustentação política do senador Antonio Augusto Junho Anastasia". Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência diz que "não comenta" investigações em andamento. Além disso, "o Planalto desconhece os conteúdos dos documentos aos quais o jornal teve acesso, sendo assim, não há comentários para serem feitos".

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