Lava Jato

PF pede dados de gráfica à Secretaria de Comunicação da Presidência

Editora é investigada por corrupção e fraude na Petrobras

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A Polícia Federal solicitou à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República que informe pagamentos feitos à Editora Gráfica Atitude, direta ou indiretamente (por meio de agências de publicidade), entre 2008 e 2014. Responsável pela publicação da Revista do Brasil, a editora é alvo da Operação Lava Jato, dentro das investigações de corrupção e fraudes no setor de comunicação na Petrobrás e em outras áreas do governo federal.

O delegado Cesar de Freitas Xavier quer saber quem foram os responsáveis pela escolha “para veicular publicidade da Secom (ou paga pela Secom, conforme dados obtidos pela Receita Federal do Brasil)” na revista. “Bem como os critérios adotados” pela Secom para “aceitar o cadastro da ‘Revista do Brasil’ como apta a receber publicidade das empresas e órgãos do governo federal.”

Foi esse cadastro que liberou a Petrobrás para incluir a Revista do Brasil na lista de publicações aptas a receberem os anúncios da estatal. A estatal repassou R$ 676 mil, entre 2004 e 2015, por intermédio de duas das agências contratadas, uma delas a Heads Propaganda Ltda, para a gráfica.

É uma pequena parte dos valores movimentados pela Editora Gráfica Atitude. Entre 2010 e 2015 a conta na firma movimentou R$ 67,7 milhões, segundo Relatório de Inteligência Financeira. Foram créditos de R$ 33,8 milhões, R$ 7,5 milhões depositados em terminais de autoatendimento.

Paulo Salvador, responsável pela Editora Gráfica Atitude, afirmou que não há irregularidades nos pagamentos. “Não tenho circulação em moeda, é tudo nominal, não remunero diretores, não tenho despesa que pudesse apontar desvio, é tudo voltado para pagar trabalhadores e os insumos.”

Segundo ele, o processo de escolha da revista para publicação é interno das agências, das empresas. “Como a Petrobrás respondeu, tinha interesse em circular a sua publicidade no nosso leitor. 

A Gráfica Atitude é mais que uma prestadora de serviços de longa relação com o PT. Ela nasceu de dois sindicatos cuja as histórias se unem com a criação do partido: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Bancários de São Paulo. O primeiro, de onde saiu Lula. O segundo, origem do ex-tesoureito do PT João Vaccari Neto e do tríplex que teria sido reformado para o ex-presidente pela OAS.

A Lava Jato quer saber agora se mais recursos transitaram por outras estatais e órgãos do governo federal. O Banco do Brasil é um dos órgãos que os investigadores já sabem que pediam publicações na revista, publicada pela Editora Gráfica Atitude. 

A Secom informou em nota que são as agências que contratam a Editora Gráfica Atitude. O órgão informou que respondeu à PF que “no período de 2008 a 2014, não manteve contrato com a Editora Gráfica Atitude Ltda”.

O Portal da Transparência do Governo Federal informa repasses de baixos valores desde 2008, tendo como origem a Secom – via agências. Foram R$ 3.931 pagos. No ano seguinte, a Gráfica Atitude recebeu R$ 11,7 mil do governo federal, sendo R$ 3.685 vindos da Secom. Foi em 2011 que consta o maior pagamento do cofre do governo, R$ 16,7 mil – R$ 5159 pagos pela Secretaria de Comunicação da Presidência. Com informações da Agência Estado.

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