Operação Abate

Pen drive levou à prisão o ex-líder dos governos Lula e Dilma

Mensagens resgatadas apontam influência de Vaccarezza na Petrobras

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Em um pen drive encontrado na residência do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear condenado na Lava Jato por corrupção, a Polícia Federal identificou mensagens que apontaram para um esquema de propinas envolvendo o ex-líder dos Governos Lula e Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (ex-PT/SP).

A investigação revela que o pen drive foi deixado em poder do almirante pelo executivo Bruno Luz, filho do lobista Jorge Luz, ambos apontados como operadores de propinas do PMDB. Os policiais ainda não sabem o motivo de Bruno ter levado a mídia eletrônica para o ex-presidente da Eletronuclear.

Vaccarezza foi preso nesta sexta-feira, 18, em São Paulo, por ordem do juiz federal Sérgio Moro, na Operação Abate, nova etapa da Lava Jato. O ex-petista está sob suspeita de ter recebido pelo menos US$ 500 mil em propinas.

O pen drive apreendido na casa do almirante Othon contém diversos arquivos. Um deles é o armazenamento de mensagens de email de Vaccarezza.

Pela quebra do sigilo telemático dos endereços eletrônicos de Vaccarezza (vaccarezza@gmail.com) foram ainda colhidos ‘elementos probatórios’ que indicam que o então parlamentar exercia influência em negócios da Petrobrás.

Por exemplo, uma troca de mensagens entre o ex-petista com Fernando Paes de Carvalho, então gerente de Gabinete da Presidência da Petrobrás, ‘para introduzir pessoa interessada em negócios com a Petrobrás’.

Em uma outra mensagem, também destinada a Carvalho, o ex-líder de Lula e Dilma indica pessoa para o cargo de gerente-geral para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Os investigadores encontraram mensagem enviada a Vaccarezza por empresários da área do petróleo, solicitando intermediação de encontros com dirigentes da Petrobrás.

Também diversas mensagens a ele enviadas relativamente à sua interferência em negócios da estatal.

A investigação mostra que o ex-líder de Lula e Dilma agia inclusive para nomeação e manutenção de pessoas para cargos de gerência na Petrobrás.

“Chama a atenção pleito de empregado da Petrobrás ao então parlamentar para que os cargos fossem ocupados com pessoas dispostas a defender o então Governo e o Partido dos Trabalhadores e para que fossem afastadas pessoas a eles não simpatizantes, ou seja, solicitação para a ocupação de cargos por critérios político partidários”, destaca o juiz Sérgio Moro.

No exame do pendrive, autorizado por Moro, foram identificadas também mensagens eletrônicas impressas em formato PDF a partir do endereço eletrônico oxfordgt@gmail.com.

“As mensagens, em língua portuguesa, tratam de fatos ocorridos no Brasil, o que indica que o endereço eletrônico era utilizado por pessoas no Brasil”, assinala Moro.

A pedido do Ministério Público Federal, por decisão de 11 de abril de 2017, foi levantado o sigilo do conteúdo armazenado no pen drive. Os peritos constataram que a maior parte teria sido apagada, pois localizadas somente cinco mensagens.

A perícia no pen drive revela que um grupo utilizava oxfordgt@gmail.com para se comunicar mediante mensagens escritas e armazenadas na pasta ‘rascunho’, sem que fossem enviadas.

Entre os usuários do endereço estava Bruno Luz, identificado pela sigla ‘BL’.

Outro conteúdo do pen drive aponta para Vaccarezza e ‘outros negócios’ supostamente intermediados por Jorge Luz e seu filho Bruno, inclusive um contrato de fornecimento de asfalto.

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