'Laudato si'

Papa declara guerra às multinacionais, em nova encíclica

É a primeira encíclica sobre preservação do meio-ambiente

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O Vaticano divulgou a encíclica papal "Laudato si, sobre o cuidado da Terra", a primeira da Igreja sobre meio-ambiente na História e a segunda do papa Francisco.

A encíclica deverá ser apresentada quinta-feira (18) à tarde e promete polêmica pouco meses antes da Conferência do Clima 2015, em Paris, onde serão debatidas as alterações climáticas e o fracasso do protocolo de Kioto.

No documento, o papa faz duras críticas ao “capitalismo selvagem” e às empresas multinacionais – apelidadas de “predadoras” do planeta que enriquecem “à custa do aumento do fosso entre ricos e pobres”.

A encíclica, publicada em seis línguas, aborda também as “injustiças” na distribuição de recursos, a fome, o desperdício de alimentos, a exploração de recursos naturais em continentes como a África, o aquecimento global, o desmatamento ou a poluição.

O “Vatican Insider” adianta que o Papa deverá pedir aos governos que se empenhem nos problemas das alterações climáticas. Após a oração do Angelus, ontem (15), o papa Francisco falou sobre a encíclica, admitindo que o texto será “uma grande sacudidela” e uma chamada de atenção para a “degradação ambiental e a recuperação dos territórios”.

“Laudato Si” – O nome da encíclica papal remete à primeira frase do “Cântico das Criaturas” de São Francisco de Assis – será assim, a primeira encíclica totalmente dedica à ecologia, apesar de João Paulo II e Bento XVI terem abordado o tema. 

A nova carta papal será também um documento ecuménico. Nos últimos meses, chegou a especular-se que poderia ser promulgada com a assinatura conjunta de Francisco e do Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I. Afinal não aconteceu, mas na apresentação de “Laudato si” estará um representante do Patriarcado Ecuménico e da Igreja Ortodoxa, Ioannis Zizioulas. Um sinal, como escreveu recentemente o vaticanista Andrea Tornielli, de que “a mensagem ambiental do Patriarca Ortodoxo encontra espaço na encíclica” do Papa Francisco.

Na apresentação, estarão também o cardeal Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz e que ajudou o Papa na construção do texto, e um leigo, o cientista John Schellnhuber, fundador e diretor do Instituto Potsdam que investiga o impacto das alterações climáticas.

O papa Francisco também  irá falar sobre a encíclica na Assembleia Geral da ONU, em 25 de Setembro, durante uma visita aos Estados Unidos. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, esteve no Vaticano no início do mês para participar num encontro sobre alterações climáticas organizado pela Santa Sé e pelas Nações Unidas e anunciou que Francisco será o primeiro Papa a discursar num encontro do género.

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