Na disputa por diretório Mineiro, Júlio Delgado ameaça deixar PSB
Deputado afirma que o problema é local, não pela fusão com o PPS
Sentindo que sua liderança no diretório mineiro está ameaçada, o deputado Júlio Delgado ameaça deixar o PSB aproveitando a porta que será aberta pela provável fusão com o PPS. "Não tenho perfil para rainha de copas", disse em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
A avaliação de Delgado – que foi candidato do PSB a presidente da Câmara – é que trabalhou para a evolução do diretório mineiro e que agora, por questões eleitorais, pode ser preterido pela direção nacional, que tende a privilegiar o prefeito da capital mineira, Márcio Lacerda. Lacerda é um prefeito popular em segundo mandato, com boas chances de emplacar um sucessor em uma capital importante. Segundo Delgado, Lacerda tenta ter maioria na executiva estadual, sugerindo que poderia mantê-lo no posto de presidente, mas diminuindo sua força. "Que adianta eu ficar com uma maioria que não é minha? Não é plausível nem aceitável." Até aqui, Delgado vinha mantendo predominância na direção mineira.
"A princípio minha disposição é ficar no partido, ao qual cheguei por convite de Eduardo Campos e do doutor (Miguel) Arraes. Mas não vou ficar dando murro em ponto de faca e jogar o trabalho que fiz fora em detrimento dos outros", afirmou. "A gente roeu o osso pra montar chapa, fazer deputado. Agora, que é hora de servir picanha, vamos deixar os outros levarem?", completou.
Delgado avalia que seu trabalho e de aliados foi fundamental para que o PSB mineiro fosse alçado de comissão executiva (apontada pela direção nacional) para diretório permanente (com mais estrutura e escolhido por eleições internas diretas). Essa mudança ocorre, de acordo com o estatuto do PSB, quando o partido consegue 5% dos votos para deputado federal no Estado. Até ser realizado um congresso estadual do PSB Mineiro, que estava previsto para setembro, fica no comando uma direção provisória, sobre a qual Lacerda estaria tentando avançar.
O deputado admite que seu problema é local e que não sairia por discordar com a fusão com o PPS, mas por não estar satisfeito com "algumas atitudes" que tem visto dentro do partido. "A fusão permite essa possibilidade", disse, ao comentar que diversas legendas o têm procurado mas que "não está com cabeça" para pensar nisso agora. "Espero que a direção nacional ainda possa tomar uma decisão mais 'pró-partido'", afirmou.(AE)