Teixeira e Rosell

MPF dá grau máximo de sigilo a investigação

Procedimento impede até mesmo saber quem é o juiz do caso

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O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro abriu procedimento investigatório para aprofundar as investigações sobre o envolvimento dos ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e do Barcelona Alexandre Rosell e outras três pessoas em esquema de corrupção dando seguimento ao indiciamento feito pela Polícia Federal que encontrou crimes praticados pelo grupo. O procedimento tramita com grau máximo de sigilo, quando nenhuma informação sobre o andamento está disponível nem mesmo os nomes das partes.

Não é possível saber quem é o juiz do caso, o procurador responsável ou a Vara Federal onde tramita. Esse tratamento torna a tramitação do processo oculta, como se não existisse e impede que a sociedade tenha conhecimento sobre se o MPF apresentou denúncia contra os indiciados, além de outras movimentações. O MPF não explicou porque garantiu sigilo máximo ao caso.

O inquérito na PF que culminou com o indiciamento e a investigação do MPF/RJ foi concluído em janeiro deste ano. As investigações duraram dois anos. Além de Teixeira e Rosell, foram indiciados: Claudio Honigman (descrito como parceiro comercial de Teixeira e Rosell e sócio do ex-presidente do Barcelona na 100% Brasil Marketing), Vanessa Almeida Precht (sócia da Alianto Marketing LTDA) e Claudio Abrahão (irmão de Wagner Abrahão, presidente do Grupo Águia, que realiza as viagens da CBF).

Ao indiciar os ex-dirigentes e empresários, a PF confirmou a materialidade da denúncia, ou seja, o crime foi comprovado, contudo cabe à procuradoria apresentar denúncia à Justiça para que os envolvidos se tornem réus e uma ação penal seja instaurada. O ex-presidente da CBF foi indiciado pelos crimes de falsificação de documento público, falsidade ideológica, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Já o ex-presidente do Barcelona é acusado de falsificação de documento público e ocultação de informações.

O Coaf, órgão de investigação financeira do Ministério da Fazenda, registrou movimentação atípica de Ricardo Teixeira de R$ 464,5 milhões entre 2009 e 2012. Segundo a PF, “ele vem praticando atos contra a administração pública brasileira, com exigência de vantagens para práticas administrativas da CBF, contra a administração pública estrangeira e o sistema financeiro nacional”.

Como moravam no exterior, a PF indiciou Teixeira e Rosell sem a presença deles. Os dois, contudo, conforme o inquérito, “tomaram conhecimento dos fatos e não tiveram interesse em desmentir”. No inquérito, a PF escreveu: “Nenhum dos envolvidos nos fatos em apuração teve interesse em desmentir os fatos apresentados e apresentar qualquer documento para comprovar a legalidade dos contratos”. O Estado não conseguiu contato com os indiciados. (AE)

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