Usurpadores da ALE

MP caça deputados que tomavam salários de comissionados em Alagoas

MP desmembra investigação da reedição de esquemas da Taturana

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Plenário da Assembleia (Foto: Ascom ALE)Mais de três anos depois da denúncia de que R$ 4,7 milhões teriam sido desviados dos cofres da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), o Ministério Público Estadual de Alagoas (MP/AL) volta a assombrar deputados estaduais e ex-parlamentares alagoanos, ao desmembrar um dos inquéritos que se debruçam sobre a reedição do esquema que originou a Operação Taturana. Portaria assinada pelo chefe do MP, Sérgio Jucá, foi publicada no Diário Oficial desta segunda-feira (12) e o inquérito vai apurar desvios no pagamento a servidores comissionados.

O MP de Alagoas avança sobre a prática comum de deputados alagoanos de exigir o repasse parcial e até integral de salários dos servidores comissionados nomeados para seus respectivos gabinetes. Esse é o tema do novo inquérito civil, fruto do desmembramento do grande inquérito civil aberto em 2013, que já resultou em nove ações civis públicas, após denúncia feita pelo deputado federal João Henrique Caldas (PSB), quando deputado estadual.

A publicação da portaria do MP causou intensa movimentação em setores da Assembleia, em busca de informações sobre o caso. Mas, nenhum dos fatos investigados diz respeito à atual Mesa Diretora da Assembleia, comandada por Luiz Dantas (PMDB). O MP se debruça sobre atos administrativos da gestão do ex-presidente da ALE, Fernando Toledo, atual conselheiro do Tribunal de Contas de Alagoas (TC/AL).

Usurpação

Durante a fase de depoimentos prestados ao MP, por exemplo, servidores comissionados confessaram ter repassado salários parciais e integrais de até mais de R$ 10 mil para parlamentares.

Um dos casos mais evidentes foi confirmado no depoimento da ex-servidora Elisângela Suely Santos, enteada de outro servidor, identificado como Carlos Antonio Moraes de Almeida, que sacava o salário que seria dela, integralmente, e repassava ao então deputado Nelito Gomes de Barros. Ao MP, a servidora confessou que teve mês que recebia mais de R$ 10 mil, que entregava o valor sacado ao seu padrasto, que levava o dinheiro ao apartamento do deputado Nelito.

Como este não é o único caso, a designação de um grupo de promotores para dar andamento às investigações assombra parlamentares e ex-deputados, na nova fase da vida política, em que a Justiça parece finalmente ter acordado para a existência da Operação Taturana e de sua reedição, que corroeu a folha de pagamento do Legislativo de Alagoas.

Conduzirão a investigação os promotores Jamyl Gonçalves Barbosa, José Carlos Castro, Karla Padilha Rebêlo Marques e Luciano Romero da Matta Monteiro.

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