OPERAÇÃO LAVAT

Ministro do Turismo só demitiu acusado de crime após prisão pela PF

Alvo da Operação Lavat era assessor parlamentar de Beltrão

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Preso pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (26), dentro do Ministério do Turismo, o chefe da assessoria parlamentar da pasta, Norton Dominques Masera, terá sua exoneração publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (27). A demissão foi uma reação imediata à Operação Lavat. Mas não explica a inércia do ministro Marx Beltrão (PMDB) em manter o suspeito de corrupção tão próximo e por tanto tempo, como seu auxiliar político direto junto ao Congresso Nacional.

O Ministério do Turismo atribui a uma espécie de “inércia administrativa” permanência de Masera entre os 135 cargos em comissão da equipe de Marx Beltrão, após a saída do ex-ministro Henrique Eduardo Alves da pasta. E alega que não havia investigação ou nada que desabonasse a conduta de Masera, antes de a PF invadir seu local de trabalho e prendê-lo pela acusação de operar o recebimento de propina para seu padrinho e ex-ministro acusado de lavagem de dinheiro.

Tal argumentação foi exposta pelo Ministério do Turismo, quando o Diário do Poder perguntou sobre o que ou quem manteve Masera no cargo; se o Planalto, se Marx Beltrão, ou deputados o seguravam na folha.

Mas a alegação desconsidera o fato de o chefe da assessoria parlamentar da pasta fazer parte da espinha dorsal do organograma do gabinete do ministro. E ainda ignora que Marx o manteve no cargo, mesmo após a prisão do padrinho de Masera, em junho. E ainda permaneceu na folha, após mais de um mês de o doleiro Lucio Funaro o apontar como operador da propina de seu ex-chefe no Ministério do Turismo, Henrique Eduardo Alves, em delação premiada à Procuradoria Geral da República.

ESCOLHENDO OU NÃO…

Tal contexto está longe de levantar qualquer suspeita de envolvimento de Marx Beltrão nos esquemas investigados pela PF. Mas sugere que o ministro não controla a escolha dos integrantes de seu núcleo de sua confiança na gestão no Ministério do Turismo; ou delega tal tarefa a terceiros. 

Com salário de R$ 5,4 mil e padrão de vida incomum para sua renda, Masera frequentava as mais caras baladas, pilotava Camaro de 200 mil, motocicleta de R$ 50 mil e morava em casa com piscina em condomínio, avaliada em R$ 2 milhões. Foi nomeado no Ministério do Turismo, em 2015, quando a pasta foi assumida pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. E foi mantido no cargo, quando Marx Beltrão tomou posse, há pouco mais de um ano.

De acordo com a PF, a organização criminosa da qual Masera doi acusado de participar continuou praticando crimes de lavagem de dinheiro e ocultando patrimônio para o chefe do grupo, mesmo após a prisão de Henrique Eduardo Alves, pela Operação Manus.

Pré-candidato a senador em Alagoas, Marx Beltrão não atendeu às ligações nem respondeu aos questionamentos enviados pelo aplicativo WhatsApp pelo Diário do Poder. Mas o Ministério do Turismo enviou os seguintes esclarecimentos:

“No momento da nomeação de Norton Domingues Masera não havia nenhuma denúncia ou fato que desabonasse a conduta do mesmo. Assim que Norton passou a ser investigado, foi determinada a exoneração dele e o total apoio por parte do ministério à Operação Lavat, da Polícia Federal. Vale destacar que a busca e apreensão se restringiu à sala em que Norton trabalhava e a Pasta Ministerial não é alvo da investigação.

O Ministério do Turismo tem 135 cargos em comissão. A manutenção dos profissionais nessas posições é natural quando não há nenhuma denúncia ou fato que desabone a conduta dos mesmos. Não se trata de um processo de tomada de decisão, mas de continuidade. A exoneração será publicada no Diário Oficial da União de amanhã.”

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