Estupidez repressora

Militar do Exército escolta jovem em ato de ameaça à esquerda na UFAL

UFAL repudia ameaça armada de “limpar” socialistas e feministas

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A estupidez e a violência caminharam de mãos dadas durante cerca de 40 minutos, no campus da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), na tarde da última terça-feira (4), em Maceió. Foi quando o estudante de engenharia civil Antonio David Cavalcante, ativista do “nacionalismo” e fã de Jair Bolsonaro e Enéas Carneiro, desfilou sua truculência escoltado por um militar do Exército Brasileiro armado, rasgando cartazes e panfletos sobre socialismo e feminismo, ameaçando estudantes, professores e militantes de esquerda.

Após circular pelo Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA), Antônio David exibiu ameaças de voltar com mais militares, de jogar bomba e outras intimidações em suas redes sociais, o jovem demonstrou orgulho do ato de repressão armada. Mas deve receber em breve a visita da Polícia Federal como consequência do ato de intolerância e desrespeito.

A Reitoria da UFAL reagiu nesta quarta-feira (5), publicando nota de repúdio e informando que encaminhou o caso à Procuradoria Federal, para apuração interna e tomada das providências legais cabíveis, com base em relatos de testemunhas e ainda do farto material probatório a ser obtido pelas câmeras de vigilância.

Antonio David, que não estuda na UFAL, produziu provas contra si mesmo, ao publicar e reagir a comentários no Instagram e no Facebook. Como quando respondeu ao militante de direita Leonardo Dias e relatou como agiu, escondendo a identidade do militar do Exército que ele confirmou estar armado e rasgando panfletos diante de estudantes.

Além de ele mesmo afirmar estar em companhia de Gyslaine Dias, a própria moça relatou que a ação do trio foi filmada por estudantes da UFAL. E um amigo deles, Nathan Hetzer revelou que conhecia o militar, e o identificou como CB Martins.

Veja o que o rapaz escreveu:

 

Leia a nota da Reitoria da Ufal:

A reitora da Universidade Federal de Alagoas, professora Maria Valéria Correia, e o vice-diretor do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA), professor Alberto Vivar Flores, repudiam veementemente os acontecimentos envolvendo a comunidade acadêmica do Instituto, que relatou atos de violência, intimidação, perseguição e extremismo na localidade, conforme pode ser visualizado em postagens e vídeos que circulam nas redes sociais.

Segundo informação dos estudantes e professores, integrantes do movimento intitulado "Nacionalistas" chegaram ao local acompanhados de uma pessoa vestida com a indumentária alusiva ao Exército Brasileiro, portando arma, arrancando e rasgando cartazes. Uma professora, inclusive, relatou que sofreu agressão verbal e que houve ameaça de lançamento de um explosivo no Instituto.

No perfil do Facebook de um defensor do movimento, consta o seguinte: "Não somos doces, somos amargos!!!! Repressão constante e massiva. Aos esquerdinhas, levei apenas um militar, se chorarem muito, na próxima levarei à (sic) tropa toda para limpar esse pandemônio".

Diante desses acontecimentos, a gestão da Universidade reitera o princípio da pluralidade e o espírito democrático, não admitindo qualquer forma de repressão, perseguição ou coação. Por isso, o caso já foi encaminhado à Procuradoria Federal para que seja realizada uma apuração interna e tomada das providências legais cabíveis.

Maceió/AL, 05 de outubro de 2016.

Maria Valéria Correia – Reitora

Alberto Vivar Flores – Vice-diretor do ICHCA

Intolerância seletiva

Em Maceió, o jovem que diz ser delegado nacional do PRONA, Antonio David, fez campanha para o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores de Maceió, Izac Jacson (PV), seu tio, que também presidiu a Central Única dos Trabalhadores de Alagoas (CUT/AL) e não conseguiu se eleger vereador no último domingo (2). O que dá a entender que sua intolerância é seletiva.

A comunidade acadêmica marcou para as 14h desta quinta-feira (6), uma reunião para discutir sobre as agressões, no ICHCA.

"Desconhecia ameaça"

Na tarde desta quinta, o militante de direita Leonardo Dias, citado na resposta em que Antonio David narra como agiu, encaminhou ao Diário do Poder a seguinte nota:

Compartilhei ontem em minha timeline uma foto onde aparece o amigo Antonio David e um militar fardado em um dos prédios da UFAL, prestando continência.

Logo após meu compartilhamento, o próprio Antonio David comentou que levou o militar para preservar a sua integridade física. Creio que por ter visto na internet diversas manifestações de ódio de pessoas que, inclusive, chegaram a ameaçar fisicamente uma estudante de 16 anos por usar uma camisa do Bolsonaro na mesma instituição.

Considero a foto por si só normal, pois todo mundo tem o direito de se manifestar da forma que assim desejar, seja com uma camisa do Che Guevara, do Bolsonaro, da Dilma ou do Enéas.

Desconhecia, no momento do compartilhamento, qualquer acusação sobre intimidação e ameaça a professores e estudantes.

Entendo que cada um é responsável por seus atos e deve responder pelos mesmos. Não seria diferente com os envolvidos neste episódio.

Na esperança de que nosso país encontre o rumo da paz entre os seus, Leonardo Dias.

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