Eleição de contrastes

Milionários querem ser prefeitos em cidades pobres de AL

Pobreza no interior de Alagoas atrai prefeitáveis milionários

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Até a manhã desta sexta-feira (12), o sistema de divulgação de registro de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não trazia muitas informações sobre o quadro geral das eleições municipais em Alagoas. Mas, há três dias do fim do prazo para o registro das candidaturas e com apenas 14 candidatos a prefeito disponíveis para consulta, o Estado já registra candidatos com patrimônios milionários disputado eleições em cidades com baixos Índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).

Entre os candidatos a prefeito milionários já divulgados no sistema Divulgacand, o mais rico é Antônio Rocha de Almeida Barros (PTdoB), com patrimônio declarado de R$ 5.355.500,00. Funcionário público federal, procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT), ele disputa mandato de prefeito do município de Taque dArca pela segunda vez consecutiva e, em 2012, havia declarado patrimônio de R$ 639 mil. Ou seja, em quatro anos, seus bens aumentaram oito vezes, ou mais de 700%.

Para ultrapassar os R$ 5,3 milhões em patrimônio, foi decisivo o acréscimo, nos bens do político conhecido como Tonho Rocha, de uma propriedade rural de R$ 2 milhões em Marechal Deodoro e uma casa de R$ 1,5 milhão no reduto da elite alagoana, o Condomínio Aldebaran, em Maceió.

Enfim, fica o desafio para Tonho Rocha, se eleito, impor um desenvolvimento da economia municipal comparável ao aumento de seu patrimônio.

O novo milionário de 47 anos de idade pretende administrar um município enlameado com denúncias de corrupção com IDHM de 0,555 e população estimada pelo IBGE em 6,3 mil habitantes que moram a 110 km da capital alagoana. E terá como adversário em Tanque dArca, Antonio Teixeira (PMN), que assumiu como prefeito tampão a Prefeitura do Município, em 2013, e não declarou bens à Justiça Eleitoral.

Outros ricos na disputa

Localizado às margens do Rio São Francisco e a 239 km de Maceió, Pão de Açúcar tem população estimada de 24,8 mil habitantes e é outro município alagoano com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (de 0,593) a ter um milionário na disputa. O advogado Flávio Almeida da Silva Júnior, o Dr. Flávio (PMDB), registrou candidatura com patrimônio de R$ 3.661.146,00. Entre os bens, lancha, jet-ski, veículos de modelos caros como Toyota Hilux, Jeep Ranegade e uma Range Rover que custa R$ 405 mil.

Outro político alagoano que ultrapassa a marca de milhão em bens registrados nas eleições municipais deste ano é o médico José Pacheco Filho (PP), que registrou R$1.021.340,17 em um patrimônio que tem um apartamento de meio milhão como item mais caro. Zé Pacheco disputa mandato de prefeito de São Sebastião, que fica a 128 km da capital alagoana, tem população estimada em 34,2 mil habitantes e tem um IDHM de 0,549.

Em tempos de proibição de financiamento empresarial de campanhas, o uso do poder econômico privado deve ajudar a diminuir os patrimônios de alguns candidatos. Que o eleitor fique atento às prestações de contas em seus municípios, acessando o seguinte endereço: http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-2016/divulgacao-de-candidaturas-e-contas-eleitorais

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