Pós-impeachment

Mesmo cassada, Dilma é uma das 'Mulheres do Ano' do Financial Times

Jornal diz que ex-presidente está mais para "tecnocrata nerd"

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Apesar de ter sofrido um processo de impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff foi eleita pelo jornal britânico Financial Times como uma das mulheres do ano. Na lista ainda estão a primeira-ministra britânica Theresa May, a ginasta americana Simone Biles, a cantora Beyoncé, além da candidata derrotada nas eleições dos EUA, Hillary Clinton.

A lista divulgada nesta quinta (8) pelo FT traz entrevistas e perfis com as mulheres que marcaram 2016. Ao correspondente britânico no Brasil, o jornalista Joe Leahy, Dilma salientou que uma autoridade mulher é chamada de "dura", enquanto um homem é chamado de "forte".

“Quando você é uma mulher na autoridade, eles dizem que você é dura, seca e insensível, enquanto um homem na mesma posição é forte, firme e encantador”, disse ao repórter. Na conversa, Dilma brincou, dizendo que o mais frustrante foi o fato de ela ter sido pintada como ogro.

Para ela, o governo à frente do País hoje é formado por "velhos brancos ricos ou, pelo menos, daqueles que querem ser ricos", insinuando uma longa lista de alegações de corrupção contra os governantes da coalizão de Michel Temer.

"Para uma mulher que acabou de suportar um duro período de seis meses de julgamento político, que resultou em seu impeachment, a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff parece incrivelmente relaxada", avaliou Joe na entrevista, com a "primeira mulher presidente do maior país da América Latina”.

Para a publicação, Dilma está mais para uma "tecnocrata nerd" que para uma política nata. "Ela nunca está mais feliz do que quando discute os detalhes íntimos do Orçamento federal, com auxílio de PowerPoint", diz o texto do jornal britânico. Em entrevista para a matéria, Dilma disse que não pretende disputar mais nenhum cargo eletivo, mas continuará "politicamente ativa".

"Dilma deve ainda estar chocada com a reviravolta em sua fortuna – inversão que correspondeu à de sua nação, que em poucos anos passou de milagre econômico a desapontamento", continua a publicação ao comentar o impeachment concluído em agosto.

O Financial Times destaca ainda a reprovação das contas da petista antes de sofrer o processo de impeachment. "Enquanto ela argumenta que os presidentes anteriores usaram os mesmos truques orçamentários, seu governo foi o primeiro desde antes da segunda guerra mundial a ter suas contas rejeitadas pelo órgão fiscalizador das contas públicas, o TCU", afirma o texto ressaltando que a saída dela foi um caso político.

"A verdadeira razão pela qual ela perdeu o poder foi a queda da popularidade em meio a uma recessão crescente e a uma investigação de corrupção na estatal Petrobras", diz a matéria.

Confira todas as mulheres do ano, de acordo com o FT:

Jean Liu, presidente da Didi Chuxing, a maior empresa de transportes da China

Simone Biles, ginasta americana, destaque na Olimpíada Rio-2016

Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil

Maria Grazia Chiuri, primeira mulher no comando da Dior

Mary Berry, apresentadora da BBC

Njideka Akunyili Crosby, artista plástica nigeriana

Margrethe Vestager, líder do partido Social-liberal da Dinamarca

Phoebe Waller-Bridge & Vicky Jones, autoras da série Fleabag

Hillary Clinton, primeira mulher candidata à Presidência dos Estados Unidos

 

 

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