Petrolão

Machado diz que foi pressionado para arrecadar mais propina para Renan

Delator relata 'atritos' com Renan pela pressão por propina

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Em sua delação premiada bombástica, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado acusou o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de tê-lo pressionado para arrecadar mais propina. Segundo ele, também foi ameaçado para ser mais eficaz na arrecadação ou seria retirado da presidência da empresa.

No depoimento, Machado disse que até 2007 a subsidiária da Petrobras não tinha uma estrutura de pagamentos mensais organizados porque a capacidade de investimento da Transpetro era iniciante. Por causa disso, ele teve atritos com o senador Renan Calheiros. Segundo Machado, Renan queria mais recursos do que ele era capaz de obter. 

Nesse período, inclusive, houve notas na imprensa sobre a saída de Machado da presidência da Transpetro por falta de apoio político. Na delação, Machado disse que precisava ser eficaz na arrecadação ou seria retirado do cargo.

A situação mudou em fevereiro de 2008, quando o senador Edison Lobão (PMDB-MA) assumiu o Ministério de Minas e Energia. Assim, segundo ele, começaram os pagamentos mensais à cúpula do PMDB. "O pagamento de propina passou a ser possível porque a Transpetro passou a ter mais capacidade de investimento, gerando, assim, mais contratos e, consequentemente, me permitindo a arrecadar mais propinas", diz um trecho do documento.

A delação foi feita em 4 de maio, na Procuradoria da República do Rio de Janeiro ao procurador Marcello Paranhos e o promotor Sérgio Bruno Cabral. O documento foi homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que retirou seu sigilo.

Em entrevista coletiva que durou mais de 30 minutos na quinta-feira (16), Renan Calheiros criticou a delação de Sérgio Machado, chamando-a de criminosa. Afirmou que nunca autorizou ninguém a falar em seu nome e que todas as doações de campanha que recebeu foram "legais, com contas prestadas à Justiça e aprovadas". "De modo que não tenho nada, absolutamente, a temer." 

A defesa de Lobão afirmou que ele nega "peremptoriamente" ter recebido qualquer valor, "a qualquer título", de Sérgio Machado.

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