Lava Jato

Lúcio Funaro diz à PF que entregava 'malas de dinheiro' a Geddel

Doleiro disse que sentiu medo ao saber dos contatos de Geddel com sua esposa

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O doleiro Lúcio Funaro diz ter feito várias entregas de "malas de dinheiro" nas mãos do ex-ministro Geddel Vieira Lima numa sala do aeroporto de Salvador. A afirmação à Polícia Federal aconteceu no dia 7 de julho. Funaro negocia um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.

Preso desde julho do ano passado, o doleiro é alvo de ação penal por fraudes no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS) junto com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“O declarante (Funaro) [diz que] fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima, que essas entregas eram feitas na sala vip do hangar Aerostar, localizado no aeroporto de Salvador, Bahia, diretamente nas mãos de Geddel", diz relatório da PF.

De acordo com o depoimento, Funaro "pretende entregar alguns documentos sobre essas viagens como elemento de corroboração em anexos de sua colaboração; que realmente, em duas viagens, que fez, uma para Trancoso (BA) e outra para Barra de São Miguel (BA), o declarante fez paradas rápidas em Salvador (BA) para entregar malas ou sacolas de dinheiro para Geddel Vieira Lima”.

Medo

Funaro também disse em seu depoimento à PF que enquanto esteve preso foi informado pela esposa Raquel de contatos feitos por Geddel. Ele afirmou que não havia contatos antes da prisão e sentiu "medo".

“Essas ligações insistentes por parte de Geddel provocaram no declarante um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação caso viesse a fazer algum acordo de colaboração premiada, tendo em vista que Geddel era membro do 1º escalão do governo e amigo íntimo do presidente Michel Temer”, diz o relatório.

Funaro acrescentou que sempre orientou a esposa a atender aos chamados de Geddel e informou que estava tranquilo, a fim de transmitir a impressão de que não fecharia delação.

"Essas comunicações reiteradas de Geddel geravam no declarante o sentimento de que estava sendo monitorado e em dado momento passou a ter receio sobre a segurança de sua esposa e filha, já que faziam deslocamentos em estrada pouco movimentada para o presidio da Papuda.”

No fim do depoimento, Funaro diz que a esposa Raquel chegou a comentar sobre ansiedade e inquietude que Geddel sentiu em Funaro após a irmã, Roberta Funaro, ter sido presa.

"Após a prisão de Roberta Funaro, sua esposa Raquel chegou a comentar com o declarante que Geddel ficou um pouco preocupado e ansioso com a inquietude do declarante em decorrência da prisão de sua irmã”, diz o texto do relatório.

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