Justiça tardia

Jagunço de Luiz Pedro pega 27 anos por crimes em Maceió

Réu integrava milícia de político que matou pedreiro em Alagoas

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O trucidamento do servente de pedreiro Carlos Roberto Rocha Santos, ocorrido em agosto de 2004, parece estar realmente deixando de ser um símbolo de impunidade contra o poder político em Alagoas. Depois da condenação, em 2015, do ex-deputado estadual Luiz Pedro pela autoria intelectual do homicídio, mais um réu, Rogério de Menezes Vasconcelos, foi condenado a 27 anos e três meses de prisão pela morte do trabalhador que morava no bairro do Clima Bom e pagou com a vida por resistir aos caprichos e arbitrariedades da milícia comandada pelo político conhecido como Cabo Luiz Pedro.

O acusado de ser jagunço do político alagoano foi condenado no início da noite desta quarta-feira (20) por homicídio qualificado, sequestro e formação de quadrilha, no Fórum do Barro Duro. Os jurados rejeitaram a tese de negativa de autoria, apresentada pelo advogado de defesa Raimundo Palmeira. E Rogério Vasconcelos vai apelar da decisão em liberdade, assim como ocorre com Luiz Pedro, condenado a 26 anos e cinco meses em setembro de 2015.

“Considerando que o acusado permaneceu solto durante o curso do processo, sem que houvesse manifestado qualquer interferência, concedo o direito de recorrer em liberdade, aplicando-lhe as medidas cautelares do artigo 319 do Código de Processo Penal, até julgamento em segunda instância, quando então o réu deverá ser recolhido ao sistema carcerário para o cumprimento de sua pena”, afirmou o juiz John Silas da Silva, que presidiu o julgamento.

Até a manifestação da instância superior sobre a sentença, o réu terá que comparecer a juízo no dia 20 de cada mês para justificar e comprovar suas atividades, não poderá se ausentar de Maceió sem autorização prévia e terá que se recolher até as 20h, saindo de casa após as 6h. Também não poderá portar arma ou apresentar-se embriagado publicamente.

O crime

Na madrugada de 12 de agosto de 2004, Carlos Roberto estava em casa, no bairro Clima Bom, na companhia da esposa, quando quatro homens invadiram o local e o sequestraram. Posteriormente, efetuaram diversos disparos contra a vítima, que não resistiu aos ferimentos. O corpo chegou a ser periciado, mas sumiu do Instituto Médico Legal (IML) e jamais reapareceu.

O ex-deputado Cabo Luiz Pedro foi eleito vereador de Maceió em 2008, mesmo estando preso preventivamente. Em 2012, elegeu sua esposa, que usou como nome de campanha Aparecida do Luiz Pedro.

O pai da vítima, Sebastião Pereira Santos, foi um símbolo da resistência pacífica pela Justiça contra a morte do servente. Passou mais de 11 anos carregando para eventos públicos e para a porta da Câmara de Maceió um cartaz com fotos que a perícia fez no corpo do filho, antes do sumiço.

O Ministério Público de Alagoas (MP/AL), por meio do promotor de Justiça Carlos Davi Lopes Correia Lima, afirma nos autos que o grupo liderado por Luiz Pedro tinha características de milícia privada e atuava para ceifar a vida de pessoas que não seguiam as determinações do ex-deputado e ex-vereador de Maceió.

Os quatro homens que foram denunciados como autores materiais do crime foram Adézio Rodrigues Nogueira, Laércio Pereira de Barros, Naélson Osmar Vasconcelos de Melo e Leoni Lima. Os réus já foram julgados e condenados em dezembro de 2008.

Veja a reportagem da TV Justiça: 
 

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