Graça Foster se ofende ao ser comparada à direção de Gabrielli
Graça e Belchior batem boca sobre 'gestão temerária' de Gabrielli
A ex-presidente da Petrobras Graça Foster bateu boca com a ex-ministra do Planejamento e atual presidente da Caixa Mirian Belchior, reclamou de "gestão temerária" na estatal e se disse ofendida quando seus atos foram comparados aos da administração anterior, nomeada por Lula e chefiada pelo ex-presidente da estatal Sergio Gabrielli. O desabafo foi feito na tensa reunião do conselho de administração em 27 de janeiro deste ano, cujos embates levaram a executiva a renunciar.
No encontro, cujo áudio foi obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, o conselho discutia uma forma de estimar as perdas com a corrupção e o superfaturamento de obras, descobertos na Operação Lava Jato, para publicação do balanço contábil do terceiro trimestre. Divergindo de outros conselheiros, Graça defendeu a publicação de notas explicativas que indicavam, naquele momento, a necessidade de baixar R$ 88 bilhões dos ativos da companhia. Dias depois, contrariada com a divulgação do valor, a presidente Dilma Rousseff acertou com a executiva a renúncia dela e de mais cinco diretores.
Foster bateu boca com Miriam Belchior, à época conselheira, por ter comparado seus atos aos da diretoria às que deliberou sobre a compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA. A aquisição foi aprovada em 2006 pelo conselho de administração e, segundo o TCU, gerou prejuízo de US$ 792 milhões.
À época, o colegiado era presidido pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. No começo do escândalo, Dilma justificou que só aprovou o negócio porque o resumo executivo apresentado pelo então diretor Internacional, Nestor Cerveró, omitia cláusulas do negócio consideradas prejudiciais.
Miriam reclamou que, a exemplo do que teria ocorrido naquela época, Graça não levou à reunião de janeiro informações para o debate sobre o balanço da estatal e que fora surpreendida por dados apresentados por auditores da PWC.
"Assusta a gente a informação não ter vindo para a mesa. Aí você se lembra de Pasadena", protestou Miriam. "Não nos confunda com Pasadena. Não nos ofenda", protestou Graça, acrescentando: "Se há dúvida, demita a diretoria".
Falhas
Na reunião, Graça afirmou que, quando assumiu a função, pôs em curso um programa para resolver "uma série" de falhas "que a empresa tinha, de coisas malfeitas", que ela não aceitava. "Já tenho um monte de problemas decorrentes de gestão temerária de outros colegas", disse, sem citar nomes.