Energia

Furnas e Brookfield podem 'salvar' linha de Belo Monte

Estatal e gestora avaliam chance de adquirir ativos da Abengoa

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A estatal Furnas, do Grupo Eletrobrás, e a empresa canadense de investimentos Brookfield avaliam a possibilidade de adquirir ativos do setor elétrico que hoje estão nas mãos da Abengoa. Duas fontes do setor confirmaram ao ‘Estado’ que, nas últimas semanas, representantes dessas empresas têm conversado com membros do Ministério de Minas e Energia (MME) para discutir como a transação poderia ser feita.

A maior preocupação do governo é encontrar um comprador para concluir as obras do chamado “linhão pré-Belo Monte”, um projeto de 1.854 km de extensão. Estimado em R$ 1,3 bilhão, o contrato foi vencido pelos espanhóis da Abengoa no fim de 2012, com o compromisso de ser entregue em operação em fevereiro passado. Sem dinheiro, a empresa paralisou as obras. Hoje, a linha não tem data definida para ser concluída.

Pela proposta colocada na mesa, a Brookfield passaria a ser dona dos ativos já concluídos pela Abengoa e, em troca, assumiria o compromisso de entregar 100% da linha em funcionamento. Furnas entraria na transação como uma sócia “operacional”, para executar as obras, tendo depois a possibilidade de comprar efetivamente uma fatia do negócio. A equação financeira e o arranjo regulatório da transação, no entanto, ainda são temas de debate dentro do governo.

As empresas não comentam o assunto. Os ativos da Abengoa são analisados ainda por outras empresas. A Casa dos Ventos, maior desenvolvedora de projetos eólicos do Brasil, e a chinesa StateGrid, que já é dona de outra linha de transmissão para Belo Monte, sinalizaram interesse em assumir os projetos da companhia espanhola.

O governo tem pressa de dar fim ao impasse. Em processo de pré-recuperação judicial na Espanha, a Abengoa se transformou em um grande abacaxi que o governo ainda não sabe como descascar. Em 2013, chegou a ser a maior arrematadora de linhas de transmissão nos leilões brasileiros. Hoje, a companhia está à frente de nada menos que 16 contratos de concessão no setor elétrico, os quais somam mais de 6 mil quilômetros de rede para entregar energia em diversas regiões do País. Ocorre que grande parte dessa rede não foi construída.

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