Risco de grande revés

Força-tarefa vê nova ofensiva contra a Operação Lava Jato

Procuradores temem força de discurso de que operação atrapalha a economia

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Procurados da força-tarefa da Lava Jato temem que o discurso de que a operação atrapalha a retomada da economia no País dê forças a políticos que querem frear as investigações.

A opinião do mais antigo dos procuradores da força-tarefa, que investiga a corrupção que afundou a Petrobras, Carlos Fernando dos Santos Lima, é fruto de tensão que tomou o QG da Lava Jato, em Curitiba, no início deste ano.

Além do “apelo à economia”, ele acredita que a virtual queda de interesse das pessoas sobre o tema do enfrentamento à corrupção e a articulação crescente de políticos emparedados pelo escândalo para aprovar leis de salvaguarda aos investigados também tirem força da Lava Jato.

“Estão tentando um esvaziamento lento e gradual da operação, mas a Lava Jato tem força própria”, afirmou Carlos Fernando.

Na avaliação de integrantes da força-tarefa, a narrativa propalada para a opinião pública, de abusos jurídicos e de que a operação é a responsável pela crise econômica do Brasil, é o que mais preocupa.

Formada por 13 procuradores da República que atuam exclusivamente no caso, a Lava Jato está às vésperas de completar 3 anos de investigação. Com 38 fases deflagradas, 188 pessoas foram parar na cadeia, entre elas importantes nomes do governo e também proeminentes empresários, como os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, os ex-deputados Eduardo Cunha e André Vargas e o presidente afastado da maior empreiteira do País, Marcelo Odebreht.

Coordenadores da força-tarefa, os procuradores Carlos Fernando e o Deltan Dallagnol defendem que a sociedade continua a ser o principal “escudo” contra a ofensiva de políticos e demais setores, que tentam minar o avanço das investigações com o avanço dos processos no Supremo Tribunal Federal (STF) e do “tsunami” que representará a delação premiada da Odebrecht. “É um risco que o interesse comece a cansar as pessoas”, avalia Dallagnol.

Para os investigadores, a “Lava Jato, por si, não é capaz de resolver o problema”. “Mas ela criou a condição para que se comece a alterar esse sistema político disfuncional e corrupto”, diz Carlos Fernando.

Para o procurador, o “sistema disfuncional” é o que usa a corrupção como forma de financiamento político e eleitoral, num ciclo em que empresas abastecem esse caixa paralelo em troca de negócios com os governos. “Mantida a situação atual, de corrupção e deturpação do regime democrático, outras crises econômicas virão”, ressalta.

A força-tarefa também alerta que, associada ao menor interesse das pessoas no caso, com a longevidade do escândalo e a redução das operações ostensivas, com prisões e buscas policiais, e à mudança de discurso de setores que apoiaram as investigações até a destituição da ex-presidente Dilma Rousseff, essa nova ofensiva pode representar o primeiro grande revés da Lava Jato. 

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