Operação Kali

Ex-prefeito criou rede de laranjas para desviar milhões em Marechal Deodoro

Cristiano Matheus continua o crime mesmo após o mandato, diz PF

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A Polícia Federal (PF) em Alagoas explicou que a Operação Kali, realizada nesta terça-feira, 5, foi deflagrada para desarticular uma organização criminosa que lavava dinheiro por meio de laranjas, chefiada pelo ex-prefeito de Marechal Deodoro (AL) Cristiano Matheus.

De acordo com as investigações, a quadrilha seria responsável por ocultar empresas, bens e desviar valores provenientes de fundos e programas de educação, destinados ao município, de 2009 a 2016, enquanto ele era o gestor.

"Mesmo após se encerrar o mandato, o ex-prefeito continua atuando para lavar o dinheiro obtido durante seu mandato. Há atividades recentes de lavagem de dinheiro realizadas em julho, negociação envolvendo imóveis em nome do irmão dele, que é laranja, no valor de R$ 150 mil", afirma.

Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em Maceió, Marechal Deodoro e Pão de Açúcar, além de Nova Olinda, no Maranhão. Foram apreendidos seis veículos, com valor acima de R$ 60 mil cada, além de R$ 297 mil, US$ 5 mil e 14 mil euros. A quantia estava guardada em um cofre de um apartamento que pertence à dona de uma construtora, também alvo da ação.

"O ex-prefeito estruturou uma rede aparentemente interminável de laranjas, amigos e empregados para lavar dinheiro e impedir e dificultar o trabalho investigativo da polícia. O motorista particular do ex-prefeito é pago pelo governo de Alagoas desde fevereiro de 2017. Este motorista está vinculado à Secretaria de Cultura do governo, que é comandada pela ex-esposa [Melina Freitas] do ex-prefeito”, disse o superintendente da PF em Alagoas, Bernardo Gonçalves.

Segundo o superintendente da PF em Alagoas, Bernardo Gonçalves, o motorista de Cristiano Matheus, que não teve o nome revelado, serviu para ocultar a propriedade de pelo menos dois imóveis em Marechal Deodoro e uma sala comercial em Maceió.

"A organização opera de uma forma para inviabilizar o rastreio do patrimônio pela polícia. Em 2012 a sala comercial foi adquirida em nome do motorista laranja. Em seguida, foi trocada por outra sala no mesmo prédio, essa nova sala foi transferida para o nome de outra laranja vinculada ao município de Marechal. Ela repassou a sala para o motorista laranja, de novo. O motorista a repassou para um amigo do ex-prefeito, um empresário que tem outras duas salas do mesmo prédio", disse o superintendente da PF.

Ainda segundo Bernardo Gonçalves, o apartamento em que residia o ex-prefeito também está no nome de um amigo.

"Em 2014 foi executado um projeto de reforma e ambientação desse apartamento que foi contratado e pago pela dona de uma construtora no valor de R$ 104 mil. Essa construtora tinha contratos de R$ 17 milhões com a prefeitura [de Marechal]", disse.

A Operação Kali é um desdobramento da Operação Astaroth, que aconteceu em julho deste ano.

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