Emprego informal ainda prejudica crescimento do PIB
Emprego informal ainda prejudica crescimento do PIB, diz estudo
Mesmo com a queda da informalidade do emprego no país, que saiu de 55% para 40% durante os últimos dez anos, o mercado de trabalho informal ainda é uma barreira para o crescimento econômico do Brasil, como revela a pesquisa do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) elaborada pelo McKinsey Global Institute (MGI), divulgada nesta quinta-feira, 4.
“Do ponto de vista da produtividade, a informalidade é prejudicial tanto para empresas formais como informais, e, portanto, para toda a economia. Os incentivos à atuação informal criam uma dinâmica perversa que acaba por gerar maior informalidade, menores investimentos e menores ganhos de produtividade, prejudicando o potencial de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto]”, diz o estudo.
Empresários varejistas também afirmaram que “a informalidade tem que ser item prioritário na agenda econômica do Governo” se quiserem dar um novo rumo ao setor, que está em crise. Segundo o estudo, a “informalidade atrofia o crescimento de empresas”, não ajuda a melhorar os padrões de vida no país e atrapalha no avanço do desenvolvimento.
Entre os principais problemas apontados pelo estudo do IDV, que incentivam a informalidade, está a alta carga tributária do Brasil em comparação a países subdesenvolvidos. As taxas do governo brasileiro são mais altas do que dos Estados Unidos e México. Além disso, os processos trabalhistas aqui saltaram de 40 vezes para 70 vezes mais do que no país norte-americano nos últimos dez anos.
O estudo também constatou que, além das altas taxas, as empresas sofrem para comprovar os pagamentos, o que eleva os custos e prejudica a produtividade. Os empresários varejistas ainda revelaram que estão discutindo o Simples Nacional, que só “trouxe efeito positivo para as micro empresas, mas dificultou o crescimento delas”, levando a perda da produtividade e, consequentemente, à informalidade.
Presente no evento que divulgou a pesquisa, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que ficou surpreso com os dados apresentados pela equipe IDV e assumiu que não tinha conhecimento do potencial varejista. O parlamentar garantiu que, na próxima semana, vai levar aos parlamentares a criação da Comissão Geral sobre o varejo, para discutir as propostas que os varejistas têm para melhorar a economia do país.
Estudo IDV / McKinsey
Na última década, houve redução da informalidade em todos os setores, possibilitando crescimento. A maior queda em pontos percentuais entre os setores analisados foi a do comércio, onde a participação do emprego informal caiu 18 pontos percentuais (pp) na última década, de 54% para 36%. Neste período, o comércio tornou-se o principal setor em termos de participação no emprego, ultrapassando o setor agrícola.
Com a diminuição da informalidade em todos os setores, uma parcela maior de trabalhadores atua em áreas onde as distorções causadas pela informalidade são menores. “Houve de fato uma evolução. Há 10 anos mais de 60% dos trabalhadores concentravam-se em setores de ‘alta’ informalidade e 15% em setores com informalidade “média”, atualmente essas proporções são 35 e 43%, respectivamente.
O estudo mostra ainda que há 10 anos apenas os trabalhadores dos setores financeiro, automobilístico, de máquinas e equipamentos e produtos químicos atuavam em setores de informalidade “baixa”, não sendo, portanto, expostos às distorções que a informalidade pode trazer. Isto é, menos de 5% do emprego da economia de mercado no Brasil concentrava-se em setores onde a informalidade é comparável à dos países desenvolvidos. Essa realidade não se alterou significativamente na última década.