Nada a declarar

Em seminário autoridades evitam falar sobre Lava Jato

O ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, falou que a Lei Anticorrupção "já está mostrando sua utilidade diante dos fatos"

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Após divulgação de depoimentos de executivos na Operação Lava Jato delatando esquema corrupção na Petrobras, o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Américo Lacombe, defendeu nesta manhã que as “crises” sirvam para corrigir erros. “Não são as crises que vão nos afetar”, disse. “Ao contrário, as crises valem para corrigirmos erros”, completou.

Ele participou do 15º Seminário Internacional Ética na Gestão, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), um dia após a divulgação da delação do executivo da Toyo Setal, Augusto Mendonça, na Operação Lava Jato. O diretor denunciou nos depoimentos a doação legal a campanhas do PT paga por empreiteiras contratadas pela Petrobras.

Autoridades presentes na abertura evitaram menção ao escândalo. O vice-presidente da República, Michel Temer, não falou com jornalistas e fez uma breve apresentação. Lacombe defendeu que “também o poder das empresas” seja regulado com ética e considerou que “a oportunidade é excelente para iniciar uma discussão séria sobre ética e poder”.

O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, fez menção apenas indireta ao escândalo envolvendo a Petrobras, ao dizer que a Lei Anticorrupção “já está mostrando sua utilidade diante dos fatos” e mostra “como as instituições brasileiras estão aptas a operar diante de quaisquer desafios que ocorram”.

A CGU já abriu processos de responsabilização contra oito empreiteiras envolvidas na operação Lava Jato: Camargo Correa, Engevix, Galvão Engenharia, Iesa, Mendes Junior, OAS, Queiroz Galvão e UTC-Constran.

Nesta manhã, Hage afirmou, de forma genérica, que a adoção de códigos de ética e sistemas de integridade corporativa serve como “atenuador de penalidades” a empresas que tiverem envolvimento em atos ilícitos.

Financiamento de campanha

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinicius Furtado Coêlho defendeu uma reforma política e retomou a discussão sobre financiamento privado de campanhas eleitorais. “O financiamento de campanhas por empresas privadas cria sobreposição venenosa entre política e interesses empresariais”, definiu.

O julgamento sobre financiamento privado está parado no Supremo Tribunal Federal (STF) por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes, com maioria contra a possibilidade de empresas destinarem recursos às campanhas. Mendes e o ministro Dias Toffoli já sinalizaram que o Congresso é que deve avançar nesta questão, antes do Judiciário encerrar o debate.(AE)

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