Eike Batista põe Lamborghini e lanchas à venda para pagar despesas pessoais
Defesa diz que venda também visa evitar a deterioração dos bens
Em prisão domiciliar e afastado de seus negócios, o empresário Eike Batista quer evitar a deterioração de bens bloqueados pela Justiça e, ao mesmo tempo, busca se livrar do custo de sua manutenção.
Carros e embarcações que eram símbolo de seu antigo império – como o Lamborghini Aventador branco que enfeitava a sala de sua casa – estão na lista dos bens que o fundador do Grupo X tenta se desfazer. Para isso, o empresário vai precisar antes da autorização da Justiça.
"Além da questão da deterioração, Eike está com os bens bloqueados, impossibilitado de arcar com as despesas deles", afirmou o advogado do empresário, Fernando Martins. A defesa do fundador do Grupo X já anexou aos processos propostas de interessados em diversas embarcações, entre lanchas e jet skis.
O primeiro pedido para a venda antecipada dos bens foi feito no começo do ano. Desde então, surgiram novos candidatos a comprar a frota do empresário. Eike tem os esportes náuticos como uma de suas paixões. O empresário bateu, em 2006, o recorde de velocidade da travessia Rio-Santos com uma de suas lanchas.
O dinheiro levantado ficará bloqueado na Justiça e parte pode ser usado pelo empresário no plano de pagamento da fiança de R$ 52 milhões, acertado em maio com o juiz da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, responsável pelos desdobramentos da Lava Jato no Estado.
Em 2014, quando Eike tentou vender pela primeira vez o Lamborghini Aventador modelo 2012 o preço estimado era de R$ 2,5 milhões. Entre as lanchas e jet skis do empresário, ao menos quatro deles já foram avaliados, em um total de R$ 3,6 milhões. A mais cara é a lancha Spirit of Brazil Intermarine 680, avaliada em R$ 3,5 milhões. A embarcação já tem um candidato a dono, que ofereceu R$ 2,5 milhões à vista.
Há ainda uma lancha de pequeno porte batizada de Thorolin, em referência aos filhos do empresário Thor e Olin, e dois jet skis um de R$ 42 mil e outro de R$ 52 mil. A avaliação foi entregue neste mês. Uma segunda proposta foi feita por uma lancha da italiana Ferretti. Nesse caso, foram oferecidos R$ 400 mil, mas o valor de avaliação não foi informado.
O empresário tem embarcações no Rio e em Angra dos Reis, onde paga pelas vagas nas marinas e manutenção. Outro problema é que a documentação delas está fora da validade, o que impede que os parentes de Eike as usem e que sejam testadas pelos compradores.
A defesa de Eike também está pedindo a atualização dos documentos na Marinha do Brasil. "Para efetivar o negócio, é necessário que a embarcação seja colocada no mar para realização de testes pelo pretenso comprador", disse Martins.
Em 2013, quando teve início o desmanche de seu império, o empresário precisou se desfazer do barco Pink Fleet. O projeto de Eike era ganhar dinheiro com eventos corporativos a bordo do navio na Baía de Guanabara, mas a ideia não deslanchou. A embarcação, inaugurada como atração turística em 2007, vinha dando prejuízo ao empresário. Ao final, foi desmanchada e as peças vendidas.
O ex-magnata, que já fez parte da lista de bilionários da Forbes foi preso em janeiro na Operação Eficiência, desdobramento da Lava Jato no Rio. Após três meses, foi para prisão domiciliar. O fundador do Grupo X foi indiciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ele teria pagado US$ 16,5 milhões em propina ao esquema liderado por Sérgio Cabral (PMDB-RJ), ex-governador do Rio, para ter benefícios em seus negócios.
Ele prepara documentos para um acordo de delação premiada. Na 3.ª Vara Federal Criminal, Eike é réu por supostas irregularidades em sua atuação à frente de duas empresas do seu grupo, a petroleira OGX e a empresa de construção naval OSX.
US$ 16,5 milhões teriam sido pagos pelo empresário Eike Batista em propina no esquema do ex-governador Sérgio Cabral, segundo investigação da Operação Eficiência, desdobramento da Lava Jato. Eike está em prisão domiciliar; Cabral continua preso no Rio.