Dono da 'faculdade de papel', advogado distribui homenagens a famosos
Até procurador da Lava Jato recebeu a honraria não regulamentada
Um condenado por falsificar diplomas tem distribuído homenagens a famosos, políticos e juristas pelo País. Faustino da Rosa Junior é ainda dono de uma faculdade com credencial vencida. E é em nome dela que ele o advogado distribui diplomas de doutor honoris causa. Além da auto-promoção, Faustino busca notoriedade nacional distribuindo
As honrarias são entregues em nome da Faculdade Centro Sul do Paraná (Facspar). Em frequentes entrevistas, o advogado costuma dizer que o Grupo Educacional Facinepe é líder do gênero no país, com 6 mil alunos.
Entre as personalidades que receberam a honraria estão o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato. Eles receberam o título honorífico de doutor honoris causa em Direito.
Ao se explicar, Dallagnol disse que “em virtude da grande quantidade de homenagens, seja por entrega de placas, outorga de diplomas ou certificados e cartas, nem sempre foi possível verificar a idoneidade das instituições”.
Em São Paulo, Faustino brindou celebridades. Em fevereiro de 2016, esteve no Templo de Salomão, onde homenageou o fundador da Igreja Universal e dono da Rede Record, bispo Edir Macedo, com o título de doutor honoris causa em Teologia. Depois, visitou os estúdios do SBT, entregando ao patrão da emissora, Silvio Santos, o título de doutor honoris causa em Comunicação.
Até mesmo o José Fortunati (PDT), ex-prefeito de Porto Alegre recebeu o agraciamento. Um dos primeiros a receber a honraria do falsário Faustino, em 2015, ele recebeu a distinção como doutor honoris causa em Gestão Pública pela Facspar. Em abril do ano passado, Fortunati palestrou para alunos do Facinepe — com sede em prédio na Avenida Bento Gonçalves, na Capital — e, no começo de fevereiro, foi anunciado como novo reitor do grupo.
MEC
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a honraria é um título honorífico e não regulamentado. É tradicionalmente ofertado a pessoas de destaque por universidades de prestígio e com programa regular de doutorado. A Facspar não se enquadra em nenhum dos casos. É uma faculdade inativa, nunca graduou estudantes, muito menos formou doutores. O MEC informa que não há vedação legal à entrega desses diplomas, "ressalvada a hipótese de sua utilização de forma a induzir outras pessoas a erro sobre a real natureza do título, desvio que poderia ensejar reparação nas esferas penal e civil".
(Com informações do Zero Hora)