Cotação histórica

Dólar chega a R$ 4,14 e Banco Central intervém

Crise política e risco de novo rebaixamento pesam na cotação

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O dólar comercial abriu em queda nesta quarta-feira, 23, mas inverteu o sinal ainda no início das negociações, pressionado pela retomada da cautela com o cenário fiscal e político no País. Às 13h13, a moeda subia 1,95% e era negociada a R$ 4,129. Na máxima, a moeda bateu os R$ 4,144 (alta de 2,32%). Na véspera, fechou a R$ 4,05, a maior cotação desde a criação do Plano Real, em 1994. 

Para conter a escalada do dólar, o Banco Central anunciou três operações para venda de moeda com compromisso de recompra no futuro. Em uma delas, que foi realizada por volta das 13h, o BC vendeu 4,4 mil contratos (20% do total ofertado) que vencem em 1º de setembro do ano que vem. O valor da operação totalizou US$ 211,4 milhões. As demais ações serão realizadas entre hoje e amanhã.

Na mesma faixa horária, a Bovespa caía 0,86%, aos 45.867 pontos. Principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa abriu em queda e inverteu o sinal ao longo da manhã, puxado por um movimento de compra das ações da Petrobrás. Entretanto, o índice voltou a operar em queda no início da tarde.

No radar dos investidores também está a missão da Fitch. Em seu segundo dia de reunião com a equipe econômica, em Brasília, a agência de classificação de risco avalia a situação do País e há temores de um novo rebaixamento da nota de crédito do Brasil. 

Incertezas. O Congresso não analisou ainda o veto ao reajuste de até 78% dos salários do Judiciário, que pode ter impacto de R$ 36,2 bilhões nas contas públicas até 2019. A sessão foi interrompida por falta de quórum e não há prazo definido para a retomada dessa votação. De todo modo, o recuo, a princípio, respondeu à manutenção da maioria dos vetos presidenciais pelo Congresso, em sessão que durou cinco horas e terminou na madrugada de hoje. Foram mantidos 26 dos 32 vetos presidenciais a medidas com forte impacto nas contas públicas.

O mercado aproveitou a boa notícia para realizar lucros vendendo moeda, após o dólar ter fechado no maior patamar em 21 anos. Os ganhos estavam acumulados em 11,03% no mês e em 40,03% em 2015. 

Também influencia os negócios locais o enfraquecimento do dólar frente o euro e algumas divisas de países emergentes e exportadores de commodities no exterior, como o peso chileno e o peso mexicano. 

Dados fracos do setor de manufatura da China em setembro apoiam especulações no exterior sobre a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) adiar o aumento dos juros básicos para 2016. Isso ajuda a enfraquecer a moeda americana lá fora.

Na semana passada, o Fed decidiu manter os juros inalterados, em meio às incertezas causadas pela desaceleração chinesa, e nos últimos dias vários dirigentes regionais da instituições vinham se manifestando em defesa do início da alta ainda neste ano, dando suporte ao dólar e aos juros dos títulos americanos. O aumento da taxa teria impacto no câmbio, pois aumentaria a rentabilidade desses títulos, considerados investimentos mais seguros. (AE)

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