Crise econômica

Dilma pede unidade do governo e agilidade nos cortes

Primeiras decisões devem ser anunciadas ainda nesta quinta

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Em reunião de emergência convocada após o País perder o grau de investimento pela agência Standard & Poor's, a presidente Dilma Rousseff pediu unidade do governo e determinou agilidade nos anúncios das medidas para reverter a situação das contas públicas. A expectativa é de que as primeiras decisões relativas a cortes de gastos sejam anunciadas a partir desta quinta-feira, 10, à tarde, durante a entrevista que será concedida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Mais cedo, durante a convocação para a reunião, havia incerteza sobre a participação de Levy, mas depois a assessoria do Palácio do Planalto confirmou a presença do ministro da Fazenda. Segundo fontes, Joaquim Levy se articula para tentar reduzir déficit do Orçamento de 2016.

Segundo um ministro que participou do encontro, a posição do governo é "reconhecer as dificuldades financeiras" e demonstrar que está preparado para tomar todas as "medidas de caráter emergencial" que são necessárias para adotar uma forte "política de austeridade fiscal". 

Depois de patrocinar sucessivas tentativas frustradas de criação ou aumento de impostos, o Palácio do Planalto está convencido que o melhor caminho é "cortar na própria carne", ou seja, investir na chamada reforma administrativa e diminuir os gastos da máquina pública.

As decisões não serão anunciadas de uma vez só, mas a conta gotas, conforme forem definidas pela equipe econômica. Não entraria, neste primeiro momento, a definição de quais ministérios serão cortados.

Apesar de garantir que Dilma não pretende acabar com nenhum programa social, o ministro afirmou que será feito um "pente fino" nos benefícios que são pagos pelo governo, para "combater todo tipo de fraudes" e otimizar os gastos. Um exemplo das medidas que o Planalto pretende adotar é fazer um recadastramento do chamado seguro defeso, alvo de diversas denúncias de irregularidades. 

Após a decisão da S&P, Dilma reuniu os principais ministros do governo no Planalto para discutir como reagir ao rebaixamento. O vice-presidente Michel Temer também participou do encontro. O peemedebista era um dos que sempre defendeu a tese de que, antes de elevar impostos, o governo deveria diminuir despesas.

Dólar. No mercado, o dólar chegou a bater R$ 3,90 em reação à decisão da agência Standard & Poor's de rebaixar a nota de crédito do Brasil, retirando o grau de investimento do País (o chamado "selo de bom pagador"). Por volta das 12h55, o dólar estava cotado a R$ 3,85, em alta de 1,61%.

Diante da disparada, o Banco Central decidiu intervir no câmbio, vendendo dólares com compromisso de recompra no futuro acima de R$ 4. Foram ofertados até US$ 1,5 bilhão distribuídos, a critério do Banco Central, nas duas operações. (AE)

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