Crise política

Dilma continua dependente do PMDB

Dilma é cada vez mais dependente do PMDB para manter o cargo

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É inquestionável, dentro e fora das paredes do Congresso Nacional, a falta de habilidade política da presidente Dilma Rousseff. Nas cordas por causa da crise política e das denúncias de corrupção que vêm de Curitiba, provenientes da Operação Lava Jato, Dilma não foi à lona por causa do PMDB, que não embarcou no discurso de impeachment da oposição. Não significa que o cenário está resolvido.

O partido do vice-presidente da República Michel Temer afaga a petista com uma mão e a estoca com a outra, tornando-a cada vez mais dependente dos 67 deputados federais e 17 senadores peemedebistas. Se o pedido de impeachment não começou a tramitar no Congresso, Dilma deve ao maior aliado da fragilizada coalizão do governo. Mas o providencial socorro do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é insuficiente para acalmar os ânimos na base aliada.

A denúncia que será apresentada nesta quinta-feira (20) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não encerra o drama do Palácio do Planalto. Refresca, mas Dilma precisa da Câmara. "O governo precisa das duas Casas (Senado e Câmara) para estancar a crise", resume o deputado Danilo Forte (PMDB-CE), parlamentar com trânsito entre os baixo e médio cleros.

Cunha é conhecido por sua habilidade política e capacidade de controlar a bancada peemedebista, mas tem ascendência sobre outros partidos. Aliado de Dilma, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), líder da sua bancada, não descarta apoio a Cunha. Segundo ele, o peemedebista representa a independência do Parlamento. Tal opinião é compartilhada pelo deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), suplente da senadora petista Gleisi Hoffmann (PR). Ele lembra que, apesar de questionado, Cunha exerce bastante força entre seus pares.

Dilma Rousseff já entendeu o recado. Mesmo contra sua vontade, a presidente reconhece a necessidade de se recompor com o aliado, ainda que precise entregar o sua principal joia, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Tudo porque pretende angariar 200 aliados fiéis, que impeçam a todo custo a tramitação do impeachment. Somando-se aos 63 deputados federais petistas, os 67 peemedebistas formariam uma bancada de 130. Os outros 70 fieis Dilma conseguiria de partidos menores, como os 13 deputados do PCdoB. Dilma pretende fazer sua reforma ministerial com esse pensamento. Estuda reduzir o número de aliados e de ministérios, mas exige absoluta fidelidade. Quem ficar, deverá garantir a governabilidade. Resta saber se realmente os peemedebistas embarcarão, sem questionamentos, na proposta de Dilma.

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