Pacificação ameaçada

Crime cresce 12% em sete meses e ameaça pacificação em Alagoas

Ameaça é anular queda histórica da violência em Alagoas

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Um dia depois de o governador Renan Filho (PMDB) fazer festa em cima de trio elétrico no bloco carnavalesco da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL), a realidade nada festiva de seu trabalho na área da segurança dos alagoanos se apresentou nos números oficiais de mortes violentas que foram divulgados nessa segunda-feira (21) pela Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL). A sequência de aumento da violência já dura sete meses e representa um aumento de 12,5% se comparado com o mesmo período anterior, de julho a janeiro.

Foram 204 alagoanos mortos no primeiro mês de 2017, em consequência de crimes violentos letais e intencionais (CVLIs). O aumento é de 32% em relação a janeiro de 2016, quando a estatística registrou 155 mortes violentas. O que fez a média diária de CVLIs saltar de 5 para 6,58, quase anulando a surpreendente redução da violência em 2015, quando o então secretário Alfredo Gaspar de Mendonça Neto conseguiu reduzir em 17,6% os CVLIs no Estado.

Os números da violência em Maceió já não devem orgulhar o governador. Exaltados como responsáveis pelo avanço da política de segurança em 2015, os dados também não param de subir desde outubro de 2016. E mais que dobram neste mês de janeiro, com 78 mortes, em relação aos 35 assassinatos de janeiro de 2016. A sequência de ascendencia da estatística desde outubro do ano passado até janeiro deste ano resultaram em um aumento de 46%, passando de 163 para 238 mortes em relação ao mesmo período anterior.

POLÍTICA MUDOU

Renan Filho e Lima Junior minimizam riscos (Foto: Márcio Ferreira)A curva estatística da violência começou a ser puxada para cima em março de 2016, logo após a saída de Alfredo Gaspar do depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir promotores de Justiça de ocupar cargos no Executivo. Mas foi em julho que  foi iniciada a sequência que resultou no acréscimo de 3,42% dos CVLIs no acumulado de 2016, em relação a 2015.

No final do mês de janeiro, o titular da SSP de Alagoas, coronel Lima Junior, disse que não considerava 3,42% um aumento da violência em seu primeiro ano de gestão. Disse estar brigando com os próprios números. Mas, no recorte dos dois últimos períodos de julho a janeiro, o crime é quem está vencendo a briga.

As coletivas mensais que comemoravam os avanços da pacificação de Alagoas foram realmente banidas da agenda do governador e do secretário. E Renan Filho atribui o aumento das mortes de janeiro à "guerra entre facções". "A novidade é esta guerra entre os criminosos. Estamos atuando forte para enfrentarmos esse novo desafio", disse o governador. 

Veja os números da violência em Alagoas: 

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