Petrolão

CPI da Petrobras chega a Londres para ouvir ex-executivo

Grupo quer detalhes sobre atraso da investigação da CGU

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Uma comitiva de oito deputados da Comissão Parlamenta de Inquérito da Petrobrás chegou à capital britânica para colher depoimento do ex-diretor da empresa holandesa SBM Offshore Jonathan David Taylor sobre repasses de dinheiro da companhia a Julio Faerman, empresário acusado de ser intermediário no pagamento de propinas a funcionários da estatal. O grupo quer detalhes especialmente sobre a acusação de atraso da investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) em meio ao período eleitoral.

"Jonathan Taylor tem demonstrado interesse muito grande em contribuir com a CPI. Ele teria passado, como de fato passou, documentos que não teriam sido levados em conta nas investigações da CGU", disse o vice-presidente da CPI, deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA). Parlamentares querem entender por que a CGU, mesmo de posse dos documentos sobre a SBM, fornecedora de navios-plataforma, e a Petrobrás, teria atrasado a investigação do caso.

O ex-diretor disse recentemente ao jornal Folha de S.Paulo que a CGU recebeu, antes do primeiro turno das eleições presidenciais, provas de que a SBM Offshore pagou propina para fazer negócios com a Petrobrás, mas só abriu processo contra a empresa após a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

O sub-relator da CPI, deputado André Moura (PSC-SE) destaca ainda que há a suspeita de que nem todos os documentos relativos à denúncia teriam sido usados pela CGU. Isso também será questionado pelos deputados. "Nem tudo o que ele encaminhou teria sido disponibilizado. E aquilo que foi encaminhado por ele à CGU a gente sabe que talvez tenha sido colocado à disposição somente após o período da eleição. Então, tudo isso levanta suspeita", disse o deputado de Sergipe. Há expectativa de que o britânico entregue documentos aos parlamentares.

Segundo Antonio Imbassahy, o britânico Jonathan David Taylor demonstrou interesse em colaborar com a CPI, mas não desejava prestar esse depoimento no Brasil "por questões de segurança". Por isso, o grupo de parlamentares viajou até Londres e deverá colher o depoimento nesta terça-feira, 19, em um hotel nos arredores de Londres.

Em outra ocasião, o ex-gerente da Petrobrás e delator da Operação Lava Jato, Pedro Barusco, admitiu em sua delação premiada ter começado a receber propinas em 1997, ainda no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), da SBM Offshore.

Os deputados lembraram que o Taylor não é acusado de nada e será ouvido como colaborador da investigação. "Por isso, não queremos constrangê-lo", disse o vice-presidente da CPI. Deputados foram recebidos nesta segunda-feira em um almoço na residência oficial do Embaixador do Brasil em Londres, Roberto Jaguaribe. (AE)

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