Controladoria Geral da União de Jorge Hage deu 'selo ético' a Siemens
Quem investigará a CGU por achar 'ética' uma empresa que paga suborno?
A alemã Siemens, envolvida no escândalo de corrupção do Metrô de São Paulo, ganhou o “Selo Ético” da Controladoria Geral da União (CGU), segundo revelou a própria empresa, na nota em que tentou se defender das suspeitas de integrar um esquema de cartel criminoso para fraudar licitações públicas no governo do Estado de São Paulo. A CGU é chefiada pelo ministro baiano Jorge Hage.
Nesta terça-feira (13), o governador paulista Geraldo Alckimin (PSDB), cujo governo está no centro do escândalo, anunciou que vai processar não apenas a Siemens como também a francesa Alstom, exigindo reparação na Justiça dos danos causados aos cofres públicos.
Apesar de ser uma empresa que adotou uma política de pagamento de propinas que somou mais de R$ 3,5 bilhões nos últimos anos, segundo concluiu a justiça alemã, a Siemens foi inscrita pela Controladoria Geral da União no chamado ?Cadastro Empresa Pró-Ética?, concedendo-lhe em 2010 o tal “Selo Ético”.
A CGU é conhecida por chegar sempre com atraso aos escândalos de corrupção da era petista. No caso de ladroagem revelado pela Operação Caixa de Pandora, no Distrito Federal, somente após a Polícia Federal e o Ministério Público Federal realizarem prisões, como a do então governador José Roberto Arruda, o ministro Jorge Hage anunciou uma “auditoria” nos recursos federais (cerca de R$ 150 milhões) até então repassados ao governo do DF, objeto principal das investigações.
A empresa “ética”, segundo a CGU
A Siemens apresentou às autoridades a lista de 18 empresas, sendo algumas de um mesmo grupo, e 23 executivos que teriam participado do cartel em SãoPaulo. Subsidiárias de multinacionais como a francesa Alstom, a canadense Bombardier, a espanhola CAF e a japonesa Mitsui estão na relação, de acordo com o jornal.
Veja a íntegra da nota da Siemens sobre as reportagens:
“Siemens tem conhecimento sobre as investigações conduzidas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) quanto a um suposto cartel em licitações para aquisição de carros de trens, manutenção e construção de linhas de trens e metrôs licitados entre meados da década de 1990 e 2007. Causaram nos surpresa as especulações que têm extrapolado essas investigações. Alguns meios de comunicação reportaram que o Ministério Público de São Paulo, em conjunto com o CADE, teriam apurado e quantificado os danos provocados ao mercado pela conduta ora investigada e que a Siemens teria supostamente proposto um acordo ao Ministério Público de São Paulo.
Por isso, cabe à Siemens vir a público para esclarecer que não é a fonte de tais informações (nem de nenhuma das recentes notícias publicadas) e manifestar o seu desconhecimento quanto aos fundamentos de tais especulações.
Desde 2007, a Siemens tem feito grandes esforços para aprimorar seus programas de compliance em todo o mundo, tendo implementado um novo e eficaz mecanismo de controle e investigação. Como resultado de seus esforços, a Siemens alcançou pontuação de 99% no Índice de Sustentabilidade Dow Jones (DJSI). No Brasil, após extensa avaliação, a Siemens foi uma das quatro primeiras empresas a receber o Selo Ético (?Cadastro Empresa Pró-Ética?) em 2010, concedido pela Controladoria Geral da União ? CGU.
Como um princípio de seu sistema mundial de compliance, a Siemens coopera integralmente com as autoridades, manifestando-se oportunamente quando requerido e se permitido pelos órgãos competentes. Tendo em vista que as investigações ainda estão em andamento, e a confidencialidade inerente ao caso, a Siemens não pode se manifestar em detalhes quanto ao teor de cada uma das matérias que têm sido publicadas pelos diversos veículos de comunicação.
A Siemens acredita que somente a concorrência leal e honesta pode assegurar um futuro sustentável para as empresas, os governos e a sociedade como um todo. Por isso, reitera seu compromisso com a ética e com a criação de um ambiente de negócios limpos, estando continuamente empenhada em dedicar todos os esforços para que os seus colaboradores ajam de acordo com os mais elevados padrões de conduta.”