Collor vê como 'catástrofe' a saída dos EUA do Acordo de Paris
Senador critica decisão de Trump de revogar acordo sobre clima
No mesmo dia em que o presidente americano Donald Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, o ex-presidente do Brasil e senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) classificou como "catástrofe" a saída do país mais poluente do acordo sobre mudanças climáticas celebrado em 2015. As declarações foram dadas nessa quinta-feira (1), durante a sessão ordinária da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, presidida por Collor.
Collor acredita que o anúncio dos EUA não poderia acontecer em momento mais delicado, visto que o mundo se prepara para debater e celebrar as políticas ambientais, sobretudo, no dia mundial do meio ambiente, celebrado na próxima segunda-feira, 5. Como presidente da República, em 1992, o alagoano liderou a ECO-92, além da Rio +20 já como senador, em 2012.
"A saída dos EUA do Acordo de Paris causará uma reação dos outros signatários. Será que China e Índia vão se sentir obrigadas a manter a política ambiental após a saída dos EUA? Não há outra palavra senão catástrofe para descrever esta situação. É uma irresponsabilidade. É como se o planeta se resumisse aos limites geográficos dos EUA", criticou Collor, durante o debate na comissão.
O senador Collor lembrou ainda que, durante a ECO-92, o então presidente dos EUA, George Bush, veio ao Brasil e participou das tratativas, assinando todos os acordos. À época, ressaltou o parlamentar, o presidente americano estava sendo pressionado pela indústria e, ainda assim, adotou a postura de "pensar no planeta e no bem comum".
A reunião denominada Rio+20, em 2012, recordou as duas décadas decorridas de um dos maiores eventos mundiais que o Rio de Janeiro já sediou: a Eco-92. O evento de 92 se tornou referência para todos os que acreditam que o desenvolvimento pode ser sustentável e que se preocupam com as condições de sobrevivência futura no planeta.
O que hoje é denominado Acordo de Paris começou a ser construído em 1992, por meio da convenção da ONU sobre o clima – algo que os Estados Unidos podem passar a ignorar já a partir desta semana. Nas duas décadas que se seguiram, os países foram percebendo que seria impossível fechar um acordo com metas obrigatórias e sujeitas a penalizações.
E é por isso que o Acordo de Paris, assinado em dezembro de 2015, é tão importante – por ser o primeiro acordo internacional em que cada país pode traçar as suas próprias metas para a redução de emissões de dióxido de carbono, de forma voluntária, tendo apenas que se controlar uns aos outros em reuniões periódicas. (Com informações da assessoria do senador Fernando Collor)