Chefe do cartel delata filho do presidente do TCU na Lava Jato
Ricardo Pessoa acusa Tiago de vender informações sobre o TCU presidido pelo pai, Aroldo Cedraz
O advogado Tiago Cedraz, de 33 anos, filho do ministro Aroldo Cedraz, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), foi citado na delação premiada do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa.
Tiago Cedraz é suspeito de ter vendido informações privilegiadas do tribunal, segundo informa nesta terça-feira (2) Vinícius Sassine, em reportagem na edição online do jornal O Globo, com base em fontes com acesso às investigações no Supremo Tribunal Federal (STF).
O advogado, atua em Brasília e já advogou em processos em curso na TCU, presidido pelo pai. Ele nega ligação com a empreiteira.
O acordo de delação de Ricardo Pessoa foi celebrado com a Procuradoria Geral da República. O empreiteiro continua em prisão domiciliar.
Os depoimentos de Pessoa, sob delação, têm sido feitos ao grupo de trabalho montado na PGR para investigar autoridades com foro privilegiado e contou com a participação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Os depoimentos são mantidos em sigilo
O empresário Ricardo Pessoa é suspeito de chefiar o “clube do cartel”, que fatiou contratos da Petrobras em troca de pagamentos de propina. A delação precisa ser homologada pelo STF.
Em um dos seus depoimentos, Pessoa deu detalhes da atuação de Tiago. O advogado supostamente venderia informações do TCU de interesse da empresa, conforme a delação.
Quando era vice-presidente do TCU, em 31 de julho de 2013, Aroldo Cedraz apresentou em sessão reservada uma lista de 59 advogados. Ele se declarou impedido de atuar nos processos desses advogados. Cedraz incluiu o filho e sócios dele na lista. Antes, já havia votado em processo advogado por um sócio do filho. Até o momento em que o pai se declarou impedido, o escritório de Tiago atuava em 150 processos em tramitação no TCU.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Tiago Cedraz declarou ao Globo que “não atuou em nenhum processo sobre UTC no TCU”. Já o ministro disse que “sistematicamente” se declara impedido em processos em que o filho consta como advogado.