Lula é o próximo a depor

Bumlai assume pagamentos a Delcídio, mas nega obstrução à Lava Jato

Próximo a depor na mesma ação é o ex-presidente Lula

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Em depoimento nesta sexta-feira, 10, ao juiz Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, o pecuarista José Carlos Bumlai confirmou que seu filho, Maurício Bumlai, fez dois repasses de R$ 50 mil ao ex-senador Delcídio do Amaral. No entanto, ele negou que o dinheiro tenha qualquer relação com a compra do silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.

Amigo do ex-presidente Lula, Bumlai disse que Delcídio de fato falou sobre uma possível delação de Cerveró em uma conversa que teve em 2015 com seu filho, mas este teria recusado qualquer envolvimento com o assunto.

“Ele [Maurício] falou não, que ele não ia fazer isso, porque não tínhamos nada a ver com Nestor Cerveró. Depois ele [Delcídio] voltou e pediu ajuda em caráter pessoal. Para manter o padrão de vida que ele tem, não era com salário de senador”, disse José Carlos Bumlai.

Na ação em que prestou depoimento nesta sexta, Bumlai é réu junto com Delcídio, Lula, o banqueiro André Esteves e mais duas pessoas, todos acusados de buscar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, ao tentarem impedir que Cerveró assinasse um acordo de delação premiada com a Justiça.

“Inicialmente o pedido foi R$ 50 mil, ele [Maurício] deu. Aí teve um segundo pedido de mais R$ 50 mil e ele deu também, e é só”, afirmou Bumlai, reiterando que as quantias teriam sido entregues por seu filho somente para manter uma boa relação com o então senador, cujo poder poderia prejudicar os negócios dos Bumlai.

O pecuarista, que já foi condenado a nove anos de prisão na primeira instância em outro caso da Lava Jato, cumpre prisão domiciliar em São Paulo.  Ele ainda negou qualquer envolvimento com Cerveró, com quem não tinha nenhuma relação antes do ex-diretor ser preso, em 2015. Os dois dividiram uma cela por quase um ano na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. “Se eu tivesse que pedir alguma coisa teria pedido ali”, disse Bumlai, que classificou a acusação de "absolutamente mentirosa".

À época dos repasses, em 2015, Delcídio chegou a ser preso em pleno exercício do cargo de senador, acusado de tentar montar um esquema para impedir a delação premiada de Cerveró. Ao Conselho de Ética do Senado, no processo que resultaria na cassação de seu mandato, ele disse ter encaminhado R$ 250 mil dados por Bumlai para o ex-diretor da Petrobras a pedido do ex-presidente Lula.

Em depoimento anterior no mesmo caso, Bernardo Cerveró, filho de Nestor, admitiu ter recebido dois repasses de R$ 50 mil de Delcídio, a título de “ajuda à família”. Segundo ele, o então senador chegou a pedir para que seu pai não celebrasse acordo de delação premiada.

Lula irá depor nesta mesma ação na próxima terça-feira, 14, às 10h.

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