Corrupção

Barroso diz em Buenos Aires que no Brasil 'onde se destampa tem coisa errada'

Ele apontou o 'pacto oligárquico' de saque do Estado brasileiro

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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que “é impossível não sentir vergonha pelo que está acontecendo no Brasil”, em palestra na Universidade Metropolitana pela Educação e o Trabalho (Umet), em Buenos Aires, nesta segunda-feira (6). Ele disse que “onde se destampa tem alguma coisa errada: Petrobras, fundos de pensão, Caixa Econômica Federal, BNDES”.

Para Barroso, a corrupção se disseminou no Brasil em níveis “espantosos, endêmicos”. “Não foram falhas pontuais, individuais. Foi um fenômeno generalizado, sistêmico e plural, que envolveu empresas estatais, empresas privadas, agentes públicos, agentes privados, partidos políticos, membros do Executivo e do Legislativo. Havia esquemas profissionais de arrecadação e distribuição de dinheiros desviados”.

Ministro Luís Barroso.Sem citar diretamente os nomes do ex-presidente Lula e do atual presidente Michel Temer, ele fez uma lista dos poderosos brasileiros com problemas com a Justiça. “É impossível falar sobre o momento institucional brasileiro sem olhar em volta e constatar que: o Presidente da República (Temer) foi denunciado duas vezes, por corrupção passiva e obstrução de justiça; um ex-Presidente da República (Lula) foi condenado por corrupção passiva em primeiro grau de jurisdição”, disse.

“Dois ex-chefes da Casa Civil foram condenados criminalmente, um por corrupção ativa e outro por corrupção passiva; o ex-Ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República está preso, tendo sido encontrados em apartamento supostamente seu 51 milhões de reais; dois ex-presidentes da Câmara dos Deputados estão presos, um deles já condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas”, relatou.

Ele deixou claro que a Operação Lava Jato significou um “antes e um depois” na história recente do Brasil. “A colaboração premiada de mais de 70 executivos da empreiteira Odebrecht resultou na delação de 415 políticos, de 26 partidos, aí incluídos ex-Presidentes da República, atuais e anteriores Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, 14 Prefeitos ou ex-Prefeitos de capitais, 22 Governadores ou ex-Governadores, 25 Senadores ou ex-Senadores e 18 Ministros ou ex-Ministros de Estado”, afirmou. Barroso também citou o recente escândalo envolvendo a empresa de frigoríficos JBS. Ele falou que o caso envolveu “1829 políticos, de 28 partidos, bem como o Presidente atual, ex-Presidentes e dezenas de Deputados, Senadores e Governadores”.

Ele afirmou que a Operação Lava Jato é o “mais extenso e profundo processo de enfrentamento da corrupção na historia do país e talvez no mundo”. “A Operação Lava Jato desvendou um pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro, celebrado por empresários, políticos e burocratas”, disse. Barroso lembrou que em meados deste ano de 2017 já havia cerca de 140 condenações, tornando o Brasil “um dos poucos no mundo que tiveram a capacidade de abrir suas entranhas, expondo desmandos atávicos” do país.

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