É só propaganda

'Bonança' no governo Renan Filho não melhorou vida dos alagoanos

Ganho fiscal do governo não altera a vida do povo alagoano

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A propaganda institucional do Governo de Alagoas e boa parte da imprensa nacional dirigiram holofotes nesta terça-feira (16) para destacar que a política fiscal do governo de Renan Filho (MDB) fez a unidade da Federação figurar como destaque em levantamento que citou Alagoas entre os cinco estados que não tiveram suas contas deterioradas nos últimos três anos de crise. Ainda que seja um fato positivo, o resultado do estudo do renomado economista Raul Velloso não avalia nem explica o efeito nulo desse ganho fiscal para o avanço efetivo das políticas públicas para benefício dos alagoanos.

O governador Renan Filho pode até celebrar o fato de a variação do resultado fiscal ter atingido 4,9 pontos positivos, passando de um déficit acumulado de R$ 548 milhões, entre 2011 e 2014, para um superávit de R$ 943 milhões, nos últimos três anos. Mas o que não entra nessa conta são as recorrentes ocorrências de desabastecimento de medicamentos nos principais hospitais alagoanos, que segundo a Polícia Federal são resultantes da atuação de uma organização criminosa que fraudou R$ 180 milhões em compras sem licitação nesse mesmo período de bonança e equilíbrio nas contas do governo Renan Filho. Esquema que foi alvo da Operação Correlatos, em agosto de 2017.

Arrocho fiscal orgulha Renan Filho (Foto: Márcio Ferreira/Ag Alagoas)A imagem de "candidato à reeleição bem sucedido", que ilustra a boa nova copiada da matéria do Estadão Conteúdo na agência oficial de notícias de Alagoas também confronta com o pior desempenho nacional entre jovens desocupados, sem estudar, nem trabalhar, registrados na Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE, que analisou as condições de vida da população brasileira e divulgou seus resultados em dezembro de 2017.

Segundo o mesmo estudo do IBGE, Alagoas é um dos líderes em nível de pobreza, com a terceira maior proporção de habitantes com renda per capita abaixo dos 5,5 dólares por dia, em paridade de poder de compra. Alagoas tem 47,4% da população nesse nível de renda, perdendo apenas para o Amazonas (49,2%) e o Maranhão (52,4%).

Sem falar que, enquanto no primeiro ano de governo Renan Filho obteve uma redução histórica de 17,6% no índice de crimes violentos letais e intencionais (CVLIs), em 2015, desde então, o encaminhamento da sobra de recursos obtidos pela política fiscal não garantiu melhoria na Segurança Pública. Em 2016, a violência resistiu aos altos investimentos em locação de viaturas, armamento e contratação de agentes de segurança e cresceu 3,42%. E 2017 deve fechar como o ano mais violento do governo Renan Filho.

'AVANÇO' MIDIÁTICO

Recortes divulgados na agência oficial exaltam Renan Filho.Enfim, os servidores estaduais também não tiveram ganho real de reajuste salarial, muito menos a reposição completa das perdas salariais acumuladas com a inflação, desde 2015. Mas o governador destaca avanços, inclusive no ensino público, cuja gestão focou nas inovadoras escolas em tempo integral, que ainda assim, não conseguiram alavancar as taxas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que em relação à rede estadual ficaram abaixo da meta projetada para Alagoas, para o primeiro ano do governo Renan Filho.

Na área social, Renan Filho sacrificou a distribuição de cestas nutricionais para gestantes pobres, nos primeiros meses de seu governo; retomada somente há cerca de um mês. Bem como aniquilou com o Programa da Sopa, que era única fonte de alimentação para famílias carentes alagoanas.

Como se pudesse iludir os famintos moradores das grotões de miséria em Alagoas, Renan Filho investiu em escadarias e pontilhões em comunidades erguidas de forma precária em áreas de risco. Com a ação que enfeitou lugares onde a população pobre sobrevive sem apoio do poder público, obteve efeito midiático positivo, com a atração o apoio de um dos braços sociais da Organização das Nações Unidas (ONU), sedenta por parcerias que garantam mais uma fonte de subsistência para o organismo internacional, em tempos de crise.

Mas o governador aposta em novos hospitais, apesar de manter fechados há três anos 26 leitos de UTIs e UCIs neonatais na única maternidade estadual de Alagoas. Também aposta em maquiar as cidades do interior com asfalto e em outras perfumarias.

“Para Alagoas, o fundamental é saber que, com contas em dia, a gente consegue manter o governo em ordem e fazer os investimentos que o Estado precisa para avançar em educação, com escolas em tempo integral; para avançar na saúde, com os equipamentos existentes funcionando melhor e com a construção de novos hospitais; para avançar em segurança pública, com a convocação da reserva técnica, novos concursos, investimentos em Centros Integrados, batalhões, novos helicópteros, radiocomunicadores digitais, novo IML e Laboratório Forense”, disse o governador, na publicação oficial sobre o tema na Agência Alagoas.

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