TRAIÇÃO FEZ BEM

Após trair Renan e apoiar rival, vereador presidirá câmara até 2020

Em 6 meses, Kelmann será eleito duas vezes na Câmara de Maceió

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Visto como um apaziguador da relação entre o Legislativo e o Executivo, o presidente da Câmara Municipal de Maceió, Kelmann Vieira (PSDB), será reeleito, por antecipação, no próximo dia 29 de junho. A decisão de antecipar o pleito para garantir a presença de Kelmann Vieira à frente da Câmara de Maceió até 2020, acontece menos de seis meses depois de sua aclamação para o Biênio 2017/2018.

O bom momento político vivido pelo delegado da Polícia Civil do Litoral Norte de Alagoas, que se tornou vereador com o apoio do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ocorre justamente após Kelmann deixar o PMDB e ingressar no PSDB do principal rival da família Calheiros, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira.

“Na verdade sempre tomei decisão colegiada. Buscando ouvindo a todos. Acho que essa maneira de administrar chamando a todos pra tomada de decisões me fez ganhar confiança. Também o fato deu ser muito próximo do prefeito Rui, foi determinante porque me veem como uma interlocução mais eficaz nas discussões das demandas da câmara”, disse o vereador Kelmann, ao responder ao Diário do Poder a que ele atribui o ambiente propício à reeleição.

O vereador é casado com a ex-presidente interina da Assembleia Legislativa de Alagoas, Flávia Cavalcante, e, consequentemente, genro de um dos principais aliados de Renan em Alagoas, Cícero Cavalcante (PMDB), que nunca perdoará Kelmann pelo que considera ter sido uma traição. Já o presidente da Câmara de Maceió sempre considerou o ingresso no PSDB como uma declaração de que não permitiria ver sua trajetória política marcada a ferro como gado político que toma conta dos diversos currais da família Calheiros, em Alagoas.

PAZ GARANTIDA

Apoio de Rui a Kelmann tinha resistência de vice (Foto: Marco Antônio)Para a maioria dos vereadores da capital alagoana, reeleger Kelmann Vieira representa garantia de tranquilidade, no cenário de incertezas previsto para 2018, quando o prefeito Rui Palmeira pode se candidatar a governador contra a reeleição de Renan Filho (PMDB), ou até mesmo contra a reeleição do senador Renan.

O cenário favorável à reeleição é bem diferente da turbulência que marcou a primeira eleição de Kelmann, ao suceder o ex-presidente Chico Filho (PP), em 2014, após superar uma batalha judicial, e ter de lidar com tapas e puxões de cabelo dentro do plenário.

À época, a luta travada era para impedir o domínio da oposição na Câmara, instigada pela família Calheiros. Hoje, o consenso visa dar tranquilidade para o prefeito Rui Palmeira superar a crise e ficar livre para tomar sua decisão, sem alimentar um motim, após seu eventual ingresso na campanha.

A única resistência que havia contra o candidato à reeleição na Mesa Diretora era justamente do atual vice-prefeito, Marcelo Palmeira (PP), alimentada pela já superada mágoa deste com o presidente da Câmara, após a mal sucedida articulação da Câmara de convencer o prefeito Rui Palmeira a substitui-lo por Kelmann no cargo de vice da chapa que se reelegeu, em 2016.

Desde que foi ameaçado de não ser vice em 2016, o Marcelo Palmeira via Kelmann com desconfiança. Mas, ao promover um almoço com vereadores, em um hotel, no fim de abril, o vice no exercício do cargo de prefeito ouviu dos vereadores que a pacificação da Câmara com a Prefeitura de Maceió só seria garantida com Kelmann na Presidência.

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