Alagoas tem três operações por mês contra a corrupção, em 2017
Em 2017, já foram deflagradas 20 caçadas a corruptos em Alagoas
Com a cúpula de seus representantes políticos enrascados com diversas acusações relacionadas à Operação Lava Jato, o Estado de Alagoas produziu, só no primeiro semestre de 2017, 20 operações policiais de combate à corrupção, em diversos níveis do poder público. A média foi de três operações por mês, de janeiro até a primeira quinzena de junho. É quase uma caçada a corruptos por semana.
A Polícia Federal deflagrou 11 operações, até a semana passada. Algumas delas decorrentes da atuação do Ministério Público Federal (MPF) e da Controladoria Geral da União (CGU). Foram oito as operações deflagradas pelo Ministério Público Estadual (MP/AL), com apoio do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) e das polícias Civil e Militar. E até o Detran coordenou operação policial contra esquema que roubava veículos apreendidos de dentro do depósito do órgão.
Somente em janeiro, o MP de Alagoas deflagrou seis operações, em uma delas, prendeu o ex-prefeito de Santana do Ipanema, José Mário da Silva (PV),acusado de fraude a licitações. Em abril, o Gecoc deflagrou a Operação Arca de Noé, contra a venda de casas destinada a vítimas das chuvas, no município de Murici, reduto político do senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
A operação mais recente do MP de Alagoas, a Sepse, foi deflagrada na última quarta-feira (14), com o objetivo de desbaratar um esquema de desvio de mais de R$ 2 milhões, em seis meses, destinados à compra de medicamentos para as prefeituras de Mata Grande, Passo do Camaragibe e Girau do Ponciano.
Questionado pelo Diário do Poder sobre a que atribui a média de três operações policiais contra corrupção em Alagoas neste primeiro semestre de 2017, o procurador-geral de Justiça Alfredo Gaspar de Mendonça Neto foi sucinto em sua resposta: “Certeza da impunidade”, resumiu.
DA LAVA JATO AO MESTRADO
Entre as operações de maior repercussão deflagradas pela PF estão as duas fases da Satélites, decorrentes da Operação Lava Jato; a Operação Deusa da Espada, que prendeu o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas e ex-prefeito de Canapi, Celso Luiz (PMDB); e a Sururugate, em que a Controladoria Geral da União (CGU) e a PF identificaram o desfalque de R$ 150 milhões da folha de pagamento da Assembleia, entre 2010 e 2013.
A PF também deflagrou a Operação Sucupira, em 11 de maio, resultante de reportagem do Diário do Poder que denunciou, em 31 de março, um esquema que favorecia assessores do governador Renan Filho (PMDB) com o ingresso e aprovação no Programa de Mestrado Profissional em Administração Pública em Rede (Profiap) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
A Operação Hoder foi a mais recente ação da PF em Alagoas, deflagrada na última terça-feira (13). Ela prendeu um médico e dois dirigentes de uma clínica, Iofal, que teria desviado pelo menos R$ 9,3 milhões em recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de casos de glaucoma.
Operações contra corrupção desde janeiro de 2017:
Do Ministério Público Estadual: Seis operações em janeiro; mais a Arca de Noé e a Sepse.
Da Polícia Federal: Sururugate, Satélites 1 e 2, Brotherhood 2, Buiu, Segunda etapa da Rodoleiro, Primo Rico, Sucupira, Deusa da Espada, Bola fora e Hoder.
Ficaram de fora deste levantamento, operações de sonegação fiscal, como a Operação Nicotina, do MP de Alagoas; e de roubo a banco, como a Operação Divisa Sul, da Polícia Federal.
Alagoas tem seu governador, Renan Filho (PMDB) e seus três senadores, Benedito de Lira (PP), Fernando Collor (PTB) e Renan Calheiros (PMDB) investigados pela Operação Lava Jato.