Tá em boas mãos!

Agressor de eleitora e laranja sobem à cúpula da PM

Tática da PM de AL tem preso por agressão e laranja condenado

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Enquanto pede socorro ao presidente Michel Temer (PMDB) para dar conta da série de explosões a banco em Alagoas e para manter a Força Nacional no Estado que vê as mortes violentas migrarem da capital para o interior, o governador Renan Filho (PMDB) não estará em Maceió, na manhã desta quinta-feira (7), para assistir à solenidade de posse de oficiais da Polícia Militar em novos cargos, a partir das 10h. O fato seria comum, se duas dessas autoridades policiais não simbolizassem o que houve pior na história política recente do Estado. Um coronel agressor de uma eleitora e outro condenado por atuar a soldo na campanha para o governo de 2014 serão alçados a posições estratégicas no comando do policiamento.

O coronel Adroaldo Goulart assume a área mais crítica, o Comando do Policiamento do Interior (CPI), menos de quatro meses depois de ser condenado pela Justiça Eleitoral de Alagoas por atuar como um candidato a governador laranja na campanha de 2014. Segundo a Corte Eleitoral de Alagoas, seu objetivo foi atacar sistematicamente o principal adversário de Renan Filho (PMDB), o senador Benedito de Lira (PP).

Não bastasse tal escândalo, o novo chefe do Estado Maior da PM de Alagoas será o coronel Marcos Brito, companheiro de farda e de projetos políticos de Goulart. Brito foi candidato a senador em 2014 e deu uma tapa em uma eleitora em plena fila de votação. Testemunhas disseram que o candidato a senador agora, empoderado na corporação, furava a fila de votação, quando a médica Marta Celeste de Oliveira Mesquita protestou e os agrediu verbalmente.

Ambos foram candidatos pelo PEN e, no episódio da agressão de coronel Brito à eleitora, o coronel Goulart estava presente e não tentou conter seu companheiro. Eles saíram escoltados por policiais.

Em sua defesa, Brito afirmou que tentou utilizar “a técnica militar” para “imobilizar” a médica. Ele foi preso em seguida, por determinação do Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL).

Veja a matéria da TV Cultura sobre o caso que repercutiu nacionalmente:

Também foi a Corte Eleitoral de Alagoas quem deu a última palavra sobre tragédia política dos coronéis candidatos de Alagoas, em março deste ano, ao condenar o coronel Adroaldo Brito por utilizar os debates e o horário eleitoral no rádio e na TV, reservado à sua candidatura a governador em 2014, para atacar o concorrente Benedito de Lira. 

Cabe recurso, mas a Corte Eleitoral de Alagoas condenou Adroaldo Goulart a oito anos de inelegibilidade, após configurar o caso como uma candidatura “laranja”. A omissão do TRE sobre quem seria o proprietário do laranjal ainda repercute. Mas, agora, com menos intensidade, neste escândalo político interminável.

Estratégia

De acordo com release de divulgação da assessoria da Polícia Militar de Alagoas, as mudanças publicadas no Boletim Geral Ostensivo nº 123, da edição desta terça-feira (5), as movimentações estão dentro das estratégias de gestão do comandante-geral Marcos Sampaio, que realiza as adequações após os seus três primeiros meses de comando. “As mudanças ajudam a oxigenar a tropa, atribuindo novas missões aos militares”, disse o texto da assessoria da PM.

Questionada pelo Diário do Poder se a PM comentaria as polêmicas envolvendo os oficiais, a assessoria da corporação explicou que os militares são coronéis da ativa, aos quais estão sendo atribuídas novas funções. A assessoria disse não ter os telefones dos coronéis Brito e Goulart, com quem a reportagem não conseguiu falar.

O que se espera é que a “técnica militar” citada por Brito no caso da agressão e a postura de Adroaldo na campanha não sejam reproduzidas no até agora elogiado trabalho de pacificação do Estado. Sob o risco de o alagoano colher resultados tão vergonhosos e trágicos para Alagoas.

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