Intromissão uniu deputados

Renan Filho terá que recuar de retaliação a opositores de seu tio para manter aliados

Maioria da ALE só discutirá composição em bloco, após eleição sem interferência do governador

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Deputados, ao demonstrar apoio ao deputado Marcelo Victor para presidente da ALE. Foto: Divulgação

A intervenção do governador Renan Filho (MDB), exonerando indicados de parlamentares que rejeitaram a pré-candidatura de seu tio Olavo Calheiros (MDB-AL) para presidente do Legislativo, segue a todo vapor no Estado de Alagoas, mas só alimenta a aliança de 21 dos 27 deputados estaduais em prol da eleição de Marcelo Victor (SD-AL) para presidir a Assembleia Legislativa (ALE). Em uma reunião dos opositores de Olavo no último domingo (6), todos os integrantes da base governista foram solidários aos deputados retaliados por Renan Filho e se comprometeram a não ocupar os espaços abertos pelas exonerações motivadas pela eleição da Mesa Diretora.

Além disso, os deputados interessados em fazer parte da bancada governista – que são quase todos os aliados de Marcelo Victor – decidiram por somente iniciar de forma coletiva a discussão dessa eventual relação de aliados do governo. Diálogo que só ocorreria antes da eleição, se Renan Filho recuasse das retaliações, recompondo os cargos; ou pode nem acontecer, caso o governo siga retirando os espaços dos governistas não domesticados.

Tais medidas foram tomadas com a presença de 20 dos deputados que votam livremente no adversário de Olavo Calheiros, como forma de não haver ruptura do grupo.

Enfim, se Renan Filho se interessar em ter sustentação política no Legislativo que ele tenta dominar a fórceps, impondo seu tio como presidente, agora terá que dialogar em bloco com os aliados, sem intervir nas escolhas já definidas para a Presidência e demais cargos da Mesa Diretora da ALE.

Deputados afirmam que não se interessam em guerra antes ou depois das eleições. Até admitem que Renan Filho “participe vitória”, adotando para si a chapa que derrotou seu tio.

Quem conhece os interesses ligados a cada um dos grupos sabe que há motivos sobrando para alimentar a batalha que já isolou o governador e minou bases de deputados aliados. Porque o clima de embate envolve um duodécimo de R$ 227,2 milhões para um Legislativo sem transparência e suspeito de ser um ralo de corrupção há mais de uma década. E a eleição pode garantir ao presidente eleito a força política necessária para ascender à vaga aberta para o cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, ou até mesmo garantir a ocupação do cargo de governador de Alagoas, com a possível renúncia de Renan Filho para disputar o cargo de senador, em 2022.

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