Queiroga, Pazuello, Ernesto Araújo e mais 11 serão investigados pela CPI
Lista de investigados anunciada nesta sexta pelo relator Renan Calheiros inclui ainda Fábio Wajngarten, Carlos Wizard e Mayra Pinheiro
O relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou nesta sexta-feira, 18, a lista dos 14 nomes que passarão de testemunhas para condição de investigados pela comissão, entre eles o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e os exs-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Sobre a inclusão de Queiroga na lista, Renan justificou que seu primeiro depoimento à comissão foi “pífio” e “ridículo”.
“Colocamos o ministro Queiroga, atual ministro, que teve uma participação pífia e ridícula na comissão parlamentar de inquérito. Em seu primeiro depoimento, tentou dizer que teria a autonomia que faltou a [Nelson] Teich e [Luiz Henrique] Mandetta. Os fatos mostraram o contrário. Ele defendeu vacinação, o presidente no dia seguinte disse que iria encomendar um decreto para minimização da utilização das máscaras”, avaliou.
Além disso, Renan também justificou a inclusão afirmando que o ministro adquiriu lotes de vacinas 20% mais caros que contratos anteriores e, em diálogo com a Organização Mundial de Saúde, teria defendido o tratamento precoce.
“Mais que isso: o lote de vacina [da Pfizer] cuja negociação foi comandada por ele é 20% mais cara que o contrato anterior e ainda em abril acessamos documentos que ele, em conversa com o diretor-presidente da OMS cobra agilidade no fornecimento das vacinas e recebe um puxão de orelha, porque ele disse: ‘Olha, como vocês cobram agilidade se quando a OMS disponibilizou para 50% da população, postergaram e depois assinaram o mínimo de 10%?’”.
Quando a Pazuello, segundo o relator, a investigação se dará por omissão na crise de oxigênio de Manaus no início do ano e também por suspeita de ter propagado a tese da imunidade de rebanho e por atrasos em vacinas.
Já em relação a Ernesto, a CPI quer apurar se ele foi omisso na obtenção de insumos do exterior para produção de vacinas e se a linha ideológica que adotou no ministério pode ter colocado entraves nessas operações.
Renan afirmou que a mudança na condição de algumas pessoas, passando de testemunhas para investigados acentua um “momento importante da investigação”.
“Significa dizer que, com relação a essas pessoas, contra os quais já acessamos provas e indícios, precisamos mudar o patamar da investigação. Isso é bom para a investigação e para a segurança jurídica do próprio investigado, porque, a partir dessa condição, ele passa a ter direito às informações e acessos às provas e indícios que estão sendo juntados na investigação”, disse Calheiros.
Também serão investigados o ex-chefe da Secom Fábio Wajngarten, a secretária Mayra Pinheiro, do Ministério da Saúde, o ex-secretário-executivo da pasta Elcio Franco Filho; os supostos integrantes de um possível gabinete paralelo da Saúde no governo Bolsonaro: os médicos Nise Yamaguchi, Paolo Zanotto e Luciano Dias de Azevedo, o empresário Carlos Wizard Martins, e o ex-assessor especial da Presidência da República Arthur Weintraub.
Também compõem a lista a coordenadora do Plano Nacional de Imunização (PNI) Francieli Fantinato, o ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo, o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde Hélio Angotti Neto.
Ao anunciar a lista, Renan Calheiros criticou o presidente Jair Bolsonaro e citou a “absoluta irresponsabilidade” do chefe do Executivo ao atacar as vacinas e defender o contágio como melhor forma de imunização durante live feita nesta quinta-feira, 17.
“A CPI tem feito a sua parte, tem dado passos significativos no sentido da apuração e da consequente responsabilização dos fatos. Nós chegaremos, tristemente digo isso, neste fim de semana a mais de meio milhão de mortos no Brasil pela Covid. Diante da absoluta irresponsabilidade do chefe de governo que, ainda ontem, reiterou tudo o que havia dito com relação à defesa da imunidade de rebanho, da imunização natural. E usou ele próprio como exemplo desse crime e desse absurdo”, disse Calheiros.
“Já demonstramos que o governo sempre recusou as vacinas e sempre tentou e colocou em seu lugar o chamado tratamento precoce e a utilização da hidroxicloroquina, da ivermectina, do zinco e outros produtos com comprovada ineficácia”, continuou.