Polêmico

Marcos Pontes defende não divulgar todos os dados de alertas de desmatamento

Ministro disse também que é possível aperfeiçoar o sistema de detecção de desmatamento e que estudos estão em andamento

acessibilidade:

O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, afirmou nesta sexta-feira (26) que dados do sistema de alerta de alteração na cobertura vegetal da Amazônia não deveriam ser divulgados para a sociedade assim que ficam prontos, como ocorre hoje.

Ele também comparou os questionamentos que fez à idoneidade dos dados de desmatamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) à revisão de uma conta de água que vem com um valor acima da média.

“Durante o período em que o Ibama está em ação, esse dado não deveria ficar exposto porque a gente estaria dando a chave para o bandido. Eu quero é pegar quem está cortando [árvores] de forma irregular”, disse em seu primeiro grande encontro com a comunidade científica, no encontro anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em Campo Grande.

A forma como se daria o fechamento de dados, porém, não foi esclarecida pelo ministro ou por sua assessoria e deve acontecer apenas após uma conversa entre o ministro e a direção do Inpe.

Pontes se referia ao Deter que dispara alertas diários para o Ibama para dar suporte à fiscalização e ao controle de desmatamento.

Além disso, o Deter não traz avisos sobre as operações de fiscalização do Ibama, mas, sim, do que já foi desmatado.

O Inpe e os sistemas de monitoramento de desmatamento entraram na mira do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que não confia nos dados divulgados pelo instituto após dados de alta de alertas de desmatamento do Deter.

Pontes afirmou que Bolsonaro reconheceu ter exagerado no tom e disse que tudo deverá ser resolvido internamente, pensando no futuro.

“Eu vi a Amazônia do espaço muitas vezes e digo a dificuldade que é tirar foto porque ela é coberta por nuvens, às vezes fumaça”, disse. “O fato é que é difícil fazer essa observação mais precisa, mas isso não quer dizer que os dados sejam incorretos. Eles estão lá e são dados de alerta, estão aí para isso.”

Pontes afirmou que os dados do sistema Deter não têm a finalidade de reportar o desmatamento, algo que o próprio Inpe afirma em seu site: “A informação sobre áreas é para priorização por parte das entidades responsáveis pela fiscalização e não deve ser entendida como taxa mensal de desmatamento.” A taxa mensal é calculada pelo sistema Prodes, cujos dados consolidados são divulgados apenas uma vez ao ano.

No entanto, existe uma correlação bastante significativa entre os dados de alerta mensais e os dados de desmatamento anual, o que mostra que o Deter pode ser lido como indicativo de tendência.

Questionado sobre a permanência de Ricardo Galvão na presidência do Inpe, Pontes disse não ter resposta. “Sobre o Galvão, para ser bem sincero, eu não sei se ele fica, se ele mesmo vai ter clima de ficar. Preciso conversar com ele pessoalmente. Ficou uma situação complexa, meio desagradável, mas vamos conversar.”

Pontes disse que o governo ficou insatisfeito com a forma que Galvão reagiu ao dar entrevistas à imprensa em resposta às críticas de Bolsonaro, que não só questionou a idoneidade dos dados do Inpe como sugeriu que o presidente do instituto estaria a serviço de alguma ONG.

Para o ministro, a confusão se deu por falha de comunicação. Ele se explicou sobre a nota que divulgou em rede social na qual dizia “entender e compartilhar a estranheza” expressa por Bolsonaro e afirmou nesta sexta (26) que os resultados divulgados pelo

Pontes disse também que é possível aperfeiçoar o sistema de detecção de desmatamento e que estudos para isso estão em andamento. (Com informações da FolhaPress)

Reportar Erro