Quanta hipocrisia

Petistas fazem pose ‘em defesa da mulher’, mas se calam sobre ministro assediador

Política de poder petista? Só este ano, foram 557 denúncias de assédio

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Silvio Almeida ao lado da colega Anielle Franco, apontada como uma das várias vítimas de assédio sexual.

Ilustres integrantes do PT e de outros partidos de esquerda, sempre muito falantes para denunciar e acusar adversários, mantiveram silêncio constrangedor sobre os casos de assédio e importunação sexual ocorridos no governo Lula (PT), mostrando-se incapazes até mesmo da manifestar solidariedade à ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), uma das mulheres denunciadas à ONG Me Too Brasil como vítimas do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

De acordo com a denúncia, Almeida foi acusado de passar a mão boba nas perdas da colega ministra, além de beijos considerados inapropriados, ao cumprimentá-la, e até palavras de conotação sexual cochichadas ao seu ouvido.

Os casos, inclusive o que vitimou a ministra, ocorreram durante o ano de 2023 e foram levados ao conhecimento do Palácio do Planalto. Apesar disso, o silêncio de proteção aos abusos ficou estabelecido até que o caso vazou para a imprensa, semana passada.

Já são 557 casos somente em 2024

O assédio sexual podem se ter  transformado em política de exercício do poder petista: reportagem do jornal O Globo deste domingo (8) revelou que somente na Controladoria Geral da República (CGU) se acumularam entre janeiro e agosto deste ano 557 denúncias de assédio semelhantes ao do ministro petista demitido após a denúncia do  escândalo sexual.

O número de assédios em 2024 representa o triplo dos casos denunciados em 2021, segundo ano do governo Jair Bolsonaro, quando foram registrados 178 casos.

Os casos de assédio ou importunação sexual no governo Lula já ultrapassaram, até agosto, o total de 531 casos denunciados à CGU durante todo o ano de 2023.

Petistas falantes ficaram mudos

Mesmo com a divulgação do fato, a falante esquerda se mantém calada até agora. Não era assim, A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, atacou o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, tão logo tomou conhecimento de acusação contra ele sentenciando que o executivo “praticou assédio sexual”. A ativista do nanico partido Rede foi mais além, acusando o governo de Jair Bolsonaro de “violência contra as mulheres” e chamando isso de “método de opressão característico de governos fascistas”. Essas alegações foram esquecidas por Marina no caso do seu amigo petista Silvio Almeida.

Guimarães foi logo demitido por Bolsonaro, mas figuras como a deputada Maria do Rosário (RS), outra petista verborrágica, publicaram posts em suas contas na rede social X, ex-Twitter, para afirmar que o caso mostrava “a cara deste governo machista”. Mas, desta vez, ela “passou pano” no caso de importunação sexual do ex-ministro Almeida, sem denunciá-lo publicamente, também se solidarizar com a ministra desde a ocorrência infame, em 2023.

O senador Randolfe Rodrigues (AP), não menos verborrágico, também subiu nas tamancas contra o então presidente da Caixa anunciando que o convocaria a prestar depoimento na Comissão de Direitos Humanos do Senado. Atualmente usufruindo das delícias do poder na condução de líder no Congresso, Randolfe nem sequer ameaçou o ministro dos Direitos Humanos, que deixa o governo com a fama de tarado, de convocação para depor… na Comissão de Direitos Humanos.

Também se manteve omissa no caso Silvio Almeida a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, que faz pose de defensora dos direitos das mulheres oprimidas e vítimas de violência. No episódio envolvendo o então presidente da Caixa, a petista que esteve enrolada na Operação Lava Jato citou Guimarães como exemplo dessa “gente repugnante” que Bolsonaro nomeou em seu governo. E ainda fez a demagogia de praxe, manifestando solidariedade às mulheres “que passaram por esse horror”. Sobre o horror sofrido pela ministra Anielle e as demais vítimas do ex-ministro petista, nenhuma palavra.

Outra figura que sempre soube usar do oportunismo político com maestria, a atual ministra Simone Tebet  (Planejamento) era senadora na ocasião das denúncias que resultaram na demissão do presidente da Caixa. Ela usou suas redes sociais para bradar: “Conduta inadmissível!” E exigiu “investigação, apuração rigorosa e imediata dos fatos”. Mas quando o acusado de importunação sexual foi um ministro do governo de  que faz parte e que uma das vítimas é mulher e sua colega ministra, Simone Tebet se ujtilizou do conhecido oportunismo político, desta vez, para fazer um constrangedor voto de silêncio. Ao menos, ao contrário de Anielle, Tebet não justificou a omissão alegando a intenção de “não prejudicar o governo”.

Novas denúncias surgiram contra ex-ministro

A ministra Anielle Franco, que também se manteve calada durante cerca de um ano “para não prejudicar o governo”, segundo porta-vozes do Planalto na imprensa, não foi a única vítima de importunação sexual de Silvio Almeida.

Tão logo os vários casos da ONG Me Too foram divulgados, outras acusações contra o ex-ministro de Lula começaram a aparecer nas redes sociais e nos veículos de comunicação.

A professora Isabel Rodrigues, por exemplo, publicou no Instagram um vídeo denunciando Almeida de abuso sexual. Ela justificou que fazia a denúncia para estimular outras vítimas a tomarem a mesma atitude.

Isabel conta que se sentara ao lado do ex-ministro, em um evento, quando por debaixo da mesa ele levantou a saia dela e “colocou a mão com vontade” em suas partes íntimas. Isabel disse que ficou “estarrecida e com vergonha”.

Também ex-alunas da Universidade São Judas Tadeu, de São Paulo, revelaram à revista Veja que recebiam do “professor” Silvio Almeida propostas para melhorar suas notas em troca de favores sexuais.

Governo tentou evitar  a PF no  caso

O governo tentou passar pano no ministro acusado limitando a investigação do caso à Controladoria Geral da União (CGU), Advocacia Geral da União (AGU) e Comissão de Ética Pública, órgãos totalmente controlados pelo presidente Lula (PT), em vez de levar o caso à Polícia Federal, que tem o dever funcional de investigar crimes cometidos contra ministros, como o que vitimou a ministra de Igualdade Racial. Mas, no dia seguinte, a própria PF anunciou a decisão de investigar o caso “de ofício”.

 

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