'Marcha da família'

OAB repudia música que comparou mulher a cadela, em ato pró-Bolsonaro no Recife

Ato no Recife sugeriu feministas comeriam ração e esquerdistas seriam mais peludas que cadelas

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OAB de Pernambuco considerou estarrecedora música no ato pró-Bolsonaro no Recife (PE). Foto: Reprodução

Uma música executada durante ato de apoio ao candidato a presidente Jair Bolsonaro, na tarde deste domingo (23), no Recife (PE), foi alvo de nota de repúdio da Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Seccional Pernambucana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PE). A letra da música cantada na chamada “Marcha da Família” afirmou que deveria ser dada “ração na tigela” para feministas e que “mulheres de esquerda têm mais pelo que cadela”.

A nota assinada pela presidente da CDMA, Ana Luiza Mousinho, considera estarrecedores trechos da música “que reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato”.

“Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias”, diz um trecho da nota.

Assista:

Leia a nota na íntegra:

Nota de Repúdio – OAB Pernambuco

A Comissão da Mulher Advogada (CDMA) da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Pernambuco, manifesta seu profundo repúdio a uma das músicas cantadas neste domingo (23.09) durante a “Marcha da Família” do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, que aconteceu no bairro de Boa Viagem, na cidade do Recife.

A letra, entoada em coro, afirma que às feministas deve ser dada “ração na tigela” e que as mulheres “de esquerda têm mais pelo que cadela”.

Os estarrecedores trechos da música acima transcritos reduzem as mulheres à condição análoga de seres irracionais e incitam o ódio, a violência e o preconceito contra aquelas que se reconhecem feministas e/ou que têm orientação política diversa do aludido candidato.

Em tempos em que, a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil, segundo dados do Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha, não se pode admitir que, sob o manto da liberdade de expressão, qualquer partido político, seja ele de direita ou de esquerda, ofenda publicamente uma coletividade de mulheres, reforçando a cultura machista e misógina que, infelizmente, ainda insiste em matar muitas mulheres todos os dias.

Ana Luiza Mousinho

Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB PE.

O Diário do Poder fez contato com a assessoria do candidato Jair Bolsonaro e não obteve respostas sobre o episódio e a nota da OAB.

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