PSL vermelho

Deputado que defendeu Lula assume comando do PSL de Sergipe

Rodrigo Valadares fez campanha em 2018 ao lado de membros do PT e da esquerda

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A Executiva Nacional do Partido Social Liberal (PSL) entregou ontem (15) o comando da sigla em Sergipe ao deputado estadual Rodrigo Valadares, que preside o PTB, e fez campanha em 2018 ao lado de integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e de movimentos de esquerda, chegando a defender a liberdade do ex-presidente Lula, maior rival do presidente Jair Bolsonaro (PSL). A troca desagradou a militância local e movimentos de direita do estado, mas teve o aval do deputado federal paraibano Julian Lemos, vice-presidente nacional do PSL, em reunião em Aracaju (SE).

Oficialmente, o PSL de Sergipe será presidido por Fábio Valadares, irmão do deputado Rodrigo Valadares. E seu porta-voz provisório, o vereador Cabo Amintas (PTB), foi denunciado pelo MP de Sergipe por corrupção passiva.

Recém-empossado presidente da Executiva Municipal do PSL e pré-candidato a prefeito da capital sergipana, João Tarantella, reagiu de forma incisiva à mudança, chamando o deputado de “vagabundo”.

“Se ele assumir, daqui pra o final do ano eu tiro ele na tora. Eu disse ao deputado federal que veio [Julian Lemos], a mando do presidente, que eu vou reagir. Não vou permitir um vagabundo, que há seis meses atrás era ‘Lula livre’, e agora é Bolsonaro desde criança. Eu não aceito que quem defendeu o projeto de Lula ontem venha hoje liderar o projeto de Bolsonaro em Sergipe. Ele agora se meteu com um doido. Rodrigo Valadares já chegou, mas pode arrumar a mala que ele não fica no partido”, disse Tarantella, em entrevista ao site Hora News.

Antigo líder do PSL de Aracaju e primeiro político a apoiar Bolsonaro, João Tarantella manteve a convocação de militantes para uma manifestação neste sábado (17), em ato simbólico em defesa de mais filiações ao partido.

Movimentos de direita de Sergipe publicaram nesta sexta-feira (16), uma nota conjunta em que diz não aceitar “oportunistas” não alinhados aos princípios defendidos pelo grupo no estado. “A direita em Sergipe sofreu um golpe no dia de ontem, mas passa bem! Seguimos firmes e com mais alguns oportunistas desmascarados”, escreveu o movimento “Direita Sergipana”, em seu perfil em que foi divulgada a nota, no Facebook.

Presidente Jair Bolsonaro e o ex-líder do PSL de Aracaju, João Tarantella. Foto: Redes Sociais

“Carta fora do baralho”

Mas Tarantella foi alertado pelo vereador de Aracaju, Cabo Amintas (PTB), de que não permanecerá no PSL. Amintas disse ter sido informado por Julian Lemos de que está autorizado pelo presidente a falar pelo partido. Em maio, a Justiça acatou denuncia do MP de Sergipe que atribui ao Cabo Amintas a suposta prática de corrupção passiva, sob a acusação de que o vereador teria usado o cargo para receber R$ 300 mil, em troca de não denunciar fraudes na contratação de bandas artísticas ou iniciar comissão parlamentar de inquérito (CPI) sobre o caso.

“Eu gosto muito de Tarantela. Não tenho nada contra ele. Mas ele foi muito deselegante com o deputado. Não se faz política desse jeito. Eu lhe digo, sem medo de errar que o Tarantela não permanece no PSL. Não queremos ele aqui não. Tarantela já era, é carta fora do baralho com certeza absoluta”, disse Cabo Amintas, em entrevista ao Hora News.

Uma medida judicial cautelar proíbe Amintas de falar na tribuna da Câmara Municipal ou em entrevistas sobre o teor da denúncia a que responde.

A chamada “Máfia dos Shows”, que o vereador denunciaria, é investigada pela Polícia Civil. E o MP já denunciou seis suspeitos de envolvimento em um esquema de contratações de shows artísticos e eventos realizados entre os anos de 2009 a 2015.

O Diário do Poder não conseguiu contato com o deputado Rodrigo Valadares. (Com informações do Hora News)

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