Quando fui ao programa de Jô Soares

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Morreu na madrugada desta sexta-feira, 5, aos 84 anos, o escritor e humorista Jô Soares.

O Brasil perde um artista único, talentoso e culto.

Ganhou notoriedade com o Viva o Gordo (1981-87), grande sucesso na Globo.

No fim da década de 1980, no SBT comandou o Veja o Gordo (1988-90) e o talk show Jô Soares Onze e Meia (1988-99).

Voltou à Globo em 2000 com o Programa do Jô, também dedicado a entrevistas e variedades, no ar até 2016.

Recordo que, após ser incluído numa lista da revista Veja entre os oito parlamentares considerados eficientes no Congresso, recebi convite para participar do seu programa, juntamente com o então deputado José Genoíno.

Abordando temas políticos polêmicos, Jô confrontou os dois parlamentares, à época pertencentes ao PFL e ao PT.

Para mim foi uma honra, pelo alcance nacional do programa do Jô, que era pessoalmente um “gentleman.

Antes de ingressar na carreira artística, ele chegou a pensar em ser diplomata.

Por isso, falava cinco idiomas com fluência, além do português: inglês, francês, italiano, espanhol e alemão.

Chegou a atuar como roteirista, dramaturgo, diretor e até músico. Pertencia a Academia Paulista de Letras.

Foi autor de cinco livros e atuou em 22 filmes.

Além disso, entrevistador brilhante. Introduziu no Brasil o “talk show” na TV ou rádio, em que uma pessoa ou um grupo de pessoas se junta e discute vários tópicos que são sugeridos e moderados por um apresentador.

Na famosa canequinha que Jô usava durante os programas, segundo o garçom, o apresentador tomava águas, refrigerantes e até sopinha.

Em sua autobiografia, admitiu sofrer de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Disse que, na sua casa, os quadros precisam todos estar tombados um pouco para a direita.

Jô deixa um acervo cultural a ser preservado.

Atuou mais de 60 anos como intelectual, inclusive na condição de comediante, quando as suas sátiras transmitiam mensagens à sociedade.

O país reverencia a memória de Jô Soares.

Que Deus o receba na Eternidade, com as honras que merece,

PS. O que se observa na política brasileira atual, de parte a parte, lembra aquele personagem de Jô Soares, que voltava à consciência, após anos em coma e ouvia as notícias contadas pelas pessoas.
Atônito, ele não acreditava no que ouvia e optava para continuar inconsciente, exclamando “tira o tubo”, como forma de fugir da realidade

ACESSE E ACOMPANHE A ENTREVISTA DO ENTÃO DEPUTADO FEDERAL NEY LOPES, AO PROGRAMA JÔ SOARES NA REDE GLOBO

Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal – [email protected] – blogdoneylopes.com.br

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