Dia desses li sobre uma interessante pesquisa realizada na Universidade de Plymouth, no Reino Unido. Alguns cientistas reduziram a pó um telefone celular, a fim de poderem determinar, de forma detalhada, sua composição.
Uma vez consolidada a relação de minerais e seus quantitativos, os pesquisadores lançaram mão de uma simples calculadora, multiplicando todos os resultados por 1.457.000 – o número aproximado de telefones celulares produzidos no mundo a cada ano.
Há também, nesta relação, minerais mais raros, daqueles encontrados em poucos países do planeta. A eles: 3 toneladas de disprósio, 7 toneladas de gadolínio, 44 toneladas de praseodímio, 233 toneladas de neodímio, 3 toneladas de índio, outras 3 toneladas de germânio, 10 toneladas de antimônio, 15 toneladas de nióbio, 29 toneladas de tântalo, 102 toneladas de molibdênio e outras 102 toneladas de cobalto e 1.312 toneladas de tungstênio.
Fiquei a meditar longamente sobre este quadro. Comecei observando ser o mesmo referente única e exclusivamente a telefones celulares – não estão aí incluídos os populares “tablets”, os computadores de mesa e portáteis, as televisões etc. Tradução: estes números, já impressionantes, atingirão marcas estratosféricas se computada toda a “família” de engenhocas eletrônicas avidamente consumidas por todos nós.
Meu olhar seguinte foi sobre os países que produzem a esmagadora maioria destes aparelhos. A maior parte deles não dispõe de recursos minerais suficientes para suprir uma mínima parte que seja desta demanda – aliás, há casos em que não seria possível obter-se sequer um quilo dos minerais exigidos.
A matéria-prima, assim, valiosíssima e não-renovável, vem de países em regra “atrasados” ou “emergentes”, seja lá o que for isso. Pergunto: a que preço? Quanto os respectivos países recebem de “royalties”? Quem explora estes minerais? Suspeito que da resposta a estas perguntas surgirá a maior e mais urgente “reforma” que o Brasil precisa.