A festa do nada

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Festas são comemorações. São eventos que realizamos ou aos quais comparecemos para celebrar sucessos e vitórias, nossas, de entes queridos ou de amigos. Quando são públicas, organizadas pelas autoridades, as festas devem ser cívicas, patrióticas e legítimas, ou seja, devem exaltar os deveres da vida em comum, valorizar a nação e promover o bem da sociedade.

O que há de cívico em um partido no poder tomar para si a Democracia que é de todos os brasileiros, negando-lhes as garantias e os direitos que sempre desfrutaram? Qual Democracia aplica seletivamente a lei a seus cidadãos conforme a ocasião, a filiação partidária ou a orientação ideológica?

O que há de patriótico em comemorar um ato que envergonhou a nação, precipitado pela ignorância de uns, a omissão de outros e as más intenções de poucos? Há amor ao Brasil em comemorar esse dia de infâmia, tornado real tão somente pela profecia que se autorrealizou na polarização que corrói o País?

O que há de legítimo numa festa oficial à qual acorrem autoridades e magistrados que contribuıŕam para aquele desatino, deixando de levar tranquilidade e confiança à população, que fracassaram em garantir a ordem pública, objeto de sua inegável responsabilidade, que frustraram os esforços para apuração dos fatos e partidarizaram a distribuição de justiça?

Nada! Não há nada de cívico, patriótico e legítimo nesse arremedo de comemoração que o governo promove com dinheiro do contribuinte. Como não há nada que justifique a afronta às instituições perpetrada naquele dia.

Mas o que deveria emular a reflexão responsável por parte das autoridades, lideranças e sociedade civil para que o que aconteceu naquele dia nunca mais se repita, ao contrário, está servindo para prejudicar o Brasil, alimentando antagonismos, produzindo insegurança jurídica e abalando a nação em um momento mundial cada vez mais perigoso.

O calendário cívico do Brasil deve ficar como está, no qual, em janeiro, há sim uma grande data a comemorar, o Dia do Fico, 9 de janeiro, que uniu os brasileiros. Justamente o dia seguinte da festa do nada com que o governo do PT insiste em dividi-los.

Hamilton Mourão é Senador da República eleito pelo Rio Grande do Sul

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