Entrevista

Brasil pode sensibilizar Armênia sobre reféns, afirma embaixador do Azerbaijão

Em entrevista ao Diário do Poder, o embaixador Rashad Novruz disse que o Azerbaijão avisa civis antes de atacar e rejeita acusação de 'limpeza étnica'

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O Embaixador da República do Azerbaijão, Rashad Novruz, em novembro do último ano, junto ao então vice-presidente da República do Brasil, Hamilton Mourão. (Foto: Embaixada do Azerbaijão)

Apesar do confronto histórico, o conflito mais recente entre Azerbaijão e Armênia vai completar um mês e já surgiu nova acusação de promoção de limpeza étnica na região. O embaixador do Azerbaijão no Brasil, Rashad Novruz, refuta a alegação e, em entrevista exclusiva ao Diário do Poder, relatou que o seu país avisou com antecedência os civis residentes na região de Karabakh, foco do conflito, sobre a “operação antiterrorista” que seria realizada.

“O governo do Azerbaijão alertou a comunidade armênia em Karabakh sobre a operação antiterrorista. Estava em nossos noticiários nacionais e internacionais. Se alguém quer perpetrar limpeza étnica, não faz tal anúncio. Divulgamos a notícia porque não tivemos nada a esconder com a nossa rápida operação antiterrorista, que durou menos de 24 horas. Pedimos aos civis que se afastassem dos meios militares e da infra-estrutura militar”, afirmou o representante do país no Brasil.

O embaixador acusa os armênios de marcar a história com ataques terroristas contra civis: “Civis foram massacrados e milhares ficaram feridos e feitos reféns pela Armênia. As pessoas fugiam descalças, feridas e sem carros. Muitos foram queimados e mutilados. Sem nenhum anúncio, sem nenhum corredor humanitário disponível para fugirem”.

Novruz recorda que resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra ação da Arménia foram elaboradas e até tiveram apoio do Brasil no ano de 1993. “ Até o antigo presidente da Arménia, Serj Sargsyan, que na verdade também era um antigo líder dos separatistas em Karabakh, admitiu isto e confessou que tiveram de levar a cabo aquele massacre deliberadamente”, completou.

Perguntado a respeito da influência russa sobre o conflito, ele destacou que a “a Rússia sabia da nossa dor, dos nossos refugiados e das pessoas deslocadas. Mas ela tentou manter um equilíbrio entre nós e a Arménia. Rússia tem uma base militar na Armênia, a maior fora da Rússia. Por isso foi difícil para nós compreender porque é que a Rússia estava a fazer isso. Mas mantivemos uma diplomacia ativa e saudável com a Rússia. Decidimos focar nas coisas que nos uniram, não nas coisas que nos separaram. Foi um processo longo, difícil, mas necessário”.

E completou: “o Brasil pode lembrar à Armênia que as informações sobre 3.890 pessoas desaparecidas, mantidas em cativeiro desde o início da década de 1990, devem ser submetidas com urgência ao Azerbaijão. Esse tratamento ajudará a construir a confiança e a eliminar a inimizade entre a Arménia e o Azerbaijão. O Brasil pode contribuir, mas a decisão cabe ao Brasil”.

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