Presença de Lula provoca protestos dentro e fora do Parlamento de Portugal

“Chega de corrupção”, “Lugar de ladrão é na prisão” e bandeiras da Ucrânia foram erguidas por alguns parlamentares na Assembleia

O presidente Lula (PT) discursou na Assembleia da República de Portugal, nesta terça-feira, 25, sob vaias e protestos dentro e fora do parlamento português.

O petista participou nesta terça de uma sessão solene de boas-vindas, por ocasião de sua visita ao país, onde recebeu homenagem dos parlamentares. Os portugueses também comemoram o 49º aniversário da Revolução dos Cravos, que pôs fim à ditadura de Portugal.

Logo no início das solenidades, o presidente brasileiro ouviu gritos de “fora Lula”. Deputados de extrema direita do país ergueram cartazes com as frases “chega de corrupção” e “lugar de ladrão é na prisão” quando Lula disse que se sentia em casa em Portugal. Eles ainda exibiram cartazes com a bandeira ucraniana.

Também em protesto contra o petista, a bancada do partido Iniciativa Liberal (IL) optou por se retirar do plenário e deixar suas cadeiras vazias.

Este é o último dia de visita de Lula em Portugal, que está em visita oficial a Portugal desde sexta-feira, 11.

Logo que os protestos contra o brasileiro se iniciaram, o presidente do Parlamento português, Santos Silva, interrompeu a fala e cobrou respeito.

“Os senhores deputados que se querem permanecer na sessão plenária devem comportar-se com urbanidade, cortesia e a educação que é exigida a qualquer representante do povo de português, chega de degradarem as instituições, chega de porem vergonha no nome de Portugal”, disse o português.

Lula, então, terminou o discurso com a frase: “Viva a liberdade e democracia, não ao fascismo”. Após o evento, o presidente falou à imprensa que quando as “pessoas não têm uma coisa boa para aparecer” fazem “essa cena de ridículo”, “um papelão”.

Fora do parlamento também houve um grande protesto contra o brasileiro:

Ucrânia

Ao longo do discurso, Lula voltou a condenar a “violação da integridade territorial da Ucrânia” pela Rússia. Ele disse ainda que há uma onda crescente de ideologias extremistas, que são “impulsionadas pela ditadura dos algorítimos”.

“Elas [ideologias extremistas] reduzem o espaço para o diálogo e a empatia, propagam o ódio e constrangem a expressão de nossa humanidade”.

“Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais”, afirmou.

Para Lula, na Europa, “políticos demagogos” negam os benefícios conquistados com a paz e a cooperação na União Europeia. “Quem acredita em soluções militares para os problemas atuais luta contra os ventos da história. Nenhuma solução de qualquer conflito, nacional ou internacional, será duradoura se não for baseada no diálogo e na negociação política”.

E apontou, novamente, a preocupação com as crises alimentar e energética provocadas pela guerra e defendeu a ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), para torná-lo “mais representativo em seu processo deliberativo e mais eficaz na implementação de suas decisões”.

O presidente do Brasil foi aplaudido de pé por alguns parlamentares portugueses durante seu discurso.

Ainda nesta terça-feira Lula deve ir para Madri, na Espanha, onde se reunirá com centrais sindicais e vai participar de um novo fórum econômico bilateral, assim como fez em Portugal.