Direita vence eleição para Assembleia Constituinte no Chile
Resultado é mais uma derrota imposta à esquerda na América Latina
Partidos de direita do Chile venceram a eleição para o Conselho Constituinte do país. Os novos constituintes irão redigir o novo projeto de Carta Magna para substituir a herdada da ditadura de Augusto Pinochet.
Esta é mais uma derrota à esquerda na América Latina e também ao presidente chileno Gabriel Boric.
Eleito no final de 2021, o esquerdista chegou ao poder em uma onda de otimismo em torno da reforma. Mas desde então seus índices de aprovação despencaram, em meio às dificuldades enfrentadas pela economia chilena e com o aumento da criminalidade se tornando as principais preocupações dos eleitores. Este é um problema recorrente na América Latina.
Boric também sofreu uma derrota política depois de colocar seu peso na primeira reescrita, que foi rejeitada por quase 62% dos eleitores. Desde então, o presidente se distanciou do processo, mas prometeu apoiá-lo.
Na eleição realizada neste domingo, 7, o Partido Republicano, de extrema direita, favorável à manutenção da atual Constituição do Chile, venceu com 35,6% dos votos e pelo menos os 20 necessários para ter poder de veto no corpo constitucional.
Em segundo lugar ficou a lista Unidade pelo Chile (28%), formado pela maioria dos partidos que compõem a coalizão governista (a Frente Ampla de Gabriel Boric, o Partido Comunista e o Partido Socialista), enquanto a terceira posição ficou com a direita tradicional na lista Chile Seguro (21,6%).
A extrema direita e a direita tradicional juntas têm maioria absoluta e reúnem mais de 30 cadeiras necessárias para aprovar as novas normas constitucionais sem a necessidade de concordar com a esquerda, o que lhes permitirá, assim, traçar os rumos da nova Carta Magna proposta.
O novo conselho contará com 50 pessoas e será responsável por redigir a nova Constituição chilena.
Depois de uma notável série de vitórias de presidenciáveis esquerdistas na América Latina — no México, em 2018, na Argentina, em 2019, na Bolívia, em 2020, no Peru e em Honduras, em 2021, e no Chile, na Colômbia e no Brasil, em 2022 —, há fortes sinais de que o pêndulo está se movendo para a direita.
No domingo passado, o candidato conservador Santiago Peña, do Partido Colorado, triunfou nas eleições presidenciais do Paraguai. Nas eleições constituintes no Chile ontem, a direita se fortaleceu. Na Argentina, tudo indica que a esquerda será trucidada nas eleições presidenciais em novembro, e a pergunta agora é se o vencedor será de centro-direita ou de extrema direita.
Além disso, a maioria dos presidentes esquerdistas eleitos nos últimos anos enfrenta enorme resistência de grupos conservadores. Tanto Gustavo Petro na Colômbia quanto Gabriel Boric no Chile fracassaram, até agora, na tentativa de implementar suas principais reformas. Na Bolívia, o presidente Luis Arce se mostrou incapaz de conter o que virou a pior crise econômica do país em anos. O presidente argentino Fernandez é tão impopular que desistiu da tentativa de reeleição. No Brasil, o presidente Lula spfre derrotas no Congresso. Em dezembro, um impeachment encerrou o mandato conturbado do esquerdista Pedro Castillo, presidente peruano.