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Venezuela prende jornalista que Maduro acusa de tentar matá-lo

A prisão do opositor do ditador venezuelano acontece pouco mais de três meses antes das eleições presidenciais e após outras detenções controversas

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Venezuela prende opositor acusado de tentar matar o ditador Maduro. (Foto: Twitter).

A Justiça da Venezuela anunciou nesta segunda-feira (15) a prisão do ativista e jornalista Carlos Julio Rojas, pela terceira vez, nessa prisão, acusam-o de envolvimento em um suposto plano de assasinato contra o ditador Nicolás Maduro. 

“O Ministério Público informa a detenção de Carlos Julio Rojas, que tinha um mandado de prisão por estar vinculado e diretamente apontado como instigador e operador logístico na tentativa de magnicídio contra o chefe de Estado Nicolás Maduro”, afirmou o procurador-geral, Tarek William Saab, na rede social X.

A prisão do opositor do ditador venezuelano acontece pouco mais de três meses antes das eleições presidenciais e após outras detenções controversas. Desde o começo deste ano, o regime opressor prendeu dezenas de pessoas por razões políticas, nove delas por publicações e mensagens em redes sociais, segundo o monitoramento do site venezuelano Efecto Cucuyo, e duas delas por supostamente terem ligação com a alegada tentativa de assasinato. 

Maduro denuncia com frequência supostos planos de opositores para assassiná-lo. A última teria acontecido no dia 25 de março, em um palanque montado nas imediações do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), em Caracas, para seu registro como candidato. 

Após a denúncia do ditador, em foco de um terceiro mandato que o deixaria por mais 18 anos no poder, Saab acusou os dois detidos de “terrorismo” e “tentativa de magnicídio”. Eles são integrantes do ‘Vente Venezuela’, da opositora María Corina Machado, que foi proibida de disputar o pleito contra Maduro . O grupo político chamou as acusações de “infundadas”.

Por um acaso, há sete membros da equipe de campanha de Machado detidos, e outros sete têm mandados de prisão. Atualmente, a Venezuela tem 269 presos políticos, segundo a ONG Foro Penal. “Aumenta a perseguição na Venezuela”, afirmou na rede social X a ONG de direitos humanos Provea. “Dois homens vestidos de preto sequestraram o ativista comunitário e jornalista Carlos Julio Rojas, nesta segunda-feira, 15, em Caracas, denunciam seus familiares.”

Na primeira, em 2017, acusaram-na de traição à pátria e crimes contra a integridade, a independência e a liberdade da nação. Na ocasião, sua defesa afirmou que não havia ordem judicial contra ele e que plantaram cinco granadas em seus pertences no momento da detenção. Em 2020, ele voltou à cadeia por cerca de dez horas após participar de um protesto de aposentados no centro de Caracas.

O que se desenha como um fracasso nos esforços para realizar eleições livres levou os Estados Unidos a condicionarem a renovação de uma licença temporária que aliviou sanções a compromissos para um pleito justo. Em outubro, os EUA retiraram parcialmente sanções ao setor de petróleo e gás da Venezuela em resposta a um acordo eleitoral firmado em Barbados entre o regime e a oposição. O acordo incluía o direito dos opositores de escolher seu próprio candidato presidencial.

“Na ausência de progresso por parte de Maduro e seus representantes na implementação das disposições do roteiro, os EUA não renovarão a licença quando ela expirar, em 18 de abril de 2024”, disse um porta-voz do Departamento de Estado americano nesta segunda.

Maria Corina Machado, que venceu as primárias da oposição em outubro passado, de forma direta, não pode concorrer porque está impedida de ocupar cargos públicos. Machado, então, nomeou Corina Yoris como sua sucessora, mas a acadêmica de 80 anos foi impedida de registrar sua candidatura. Por fim, dois candidatos da oposição conseguiram se registrar, e possíveis substitutos podem ser nomeados até 20 de abril.

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