Oposição barrada

Ditador da Venezuela impede opositora de registrar candidatura

Favorita nas pesquisas, Maria Corina foi indicada como candidata da PUD depois de vencer as eleições primárias em outubro, mas foi privada do direito de ocupar cargos públicos durante 15 anos

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A coligação da oposição na Venezuela anunciou nesta terça-feira (26) que não conseguiu registrar Corina Yoris como candidata às eleições presidenciais de 28 de julho contra o atual presidente, o ditador Nicolás Maduro, antes do encerramento oficial das inscrições. (Foto: Agência Brasil)

A coligação da oposição na Venezuela anunciou nesta terça-feira (26) que não conseguiu registrar Corina Yoris como candidata às eleições presidenciais de 28 de julho contra o atual presidente, o ditador Nicolás Maduro, antes do encerramento oficial das inscrições. 

“Informamos à opinião pública nacional e ao mundo que trabalhámos o dia todo para tentar exercer o nosso direito constitucional de registrar o nosso candidato”, disse o dirigente da oposição Omar Barboza. 

“Isso não foi possível. Não nos foi permitido acesso ao sistema” de registro de candidaturas na página especial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, disse Barboza, em vídeo divulgado pela Plataforma Unitária Democrática (PUD). 

A PUD, que reúne os principais partidos da oposição, queria registrar como candidata Corina Yoris, filósofa e professora universitária de 80 anos, designada como substituta de María Corina Machado. 

Favorita nas pesquisas, Maria Corina foi indicada como candidata da PUD depois de vencer as eleições primárias em outubro, mas foi privada do direito de ocupar cargos públicos durante 15 anos. 

Nesta segunda-feira, Corina Yoris explicou que tinha esgotado todos os meios ao seu alcance para tentar resolver a situação e tentando reclamar na sede do CNE, mas acusou o organismo de estar “tomado por militares que não permitem o acesso”.

Yoris acusou também Nicolás Maduro, que horas mais tarde oficializou a candidatura a um terceiro mandato de seis anos, de desrespeitar a Constituição da Venezuela. 

Há cerca de duas semanas atrás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva debochou de Maria Corina ao dizer que “não chorou, quando foi impedido de concorrer nas eleições de 2018”. O petista ainda disse que “ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato, que disputou as eleições”. 

Lula ainda disse que espera que as eleições do dia 28 de Julho na Venezuela, sejam justas e democráticas. “Agora, a pergunta é se a eleição vai ser honesta ou não. Eu espero que a eleição seja a mais democrática possível”. 

A reportagem entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores, sobre o posicionamento do Brasil referente ao impedimento da oposição venezuelana de se candidatar para as eleições. Segundo a nota do Itamaraty,  “o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país (Venezuela)”, e reiteira que o Brasil “repúdia a quaisquer tipos de sanção que, além de ilegais, apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”.

Em nota, ainda disse que:

“Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial.

Onze candidatos ligados a correntes de oposição lograram o registro. Entre eles, inclui-se o atual governador de Zulia, também integrante da Plataforma Unitaria.

O Brasil está pronto para, em conjunto com outros membros da comunidade internacional, cooperar para que o pleito anunciado para 28 de julho constitua um passo firme para que a vida política se normalize e a democracia se fortaleça na Venezuela, país vizinho e amigo do Brasil”.

 

O presidente já declarou em outros momentos sua amizade e interesse na política do país vizinho.

 

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